Na noite desse domingo (20) no Fantástico, o Brasil conheceu o rosto do "repórter secreto", apelido de Eduardo Faustini, que trabalhou na emissora em matérias investigativas e denúncias, mas nunca se exibiu na televisão. Momentos antes da revelação, o jornalista se mostrou nervoso: "Estou extremamente desconfortável. Agora, quando estou fazendo o meu trabalho, não sinto nada [nenhum nervosismo]. Sei que não posso tremer ou gaguejar", confessou.
Na entrevista, que foi exibida como parte das comemorações de 50 anos do Fantástico, Eduardo explicou por que optou por não aparecer para as câmeras enquanto trabalhava com reportagens especiais.
"As pessoas fazem muita confusão achando que eu não mostro o meu rosto pra me proteger. Mas, na realidade, eu nunca mostrei meu rosto para proteger o meu trabalho. É o meu trabalho que eu tento proteger", disse ele, que se consagrou como um dos mais premiados jornalistas do Brasil.
Especializado em apurar casos de corrupção e crimes policiais, o repórter acrescentou que o anonimato foi essencial para o sucesso de seu trabalho.
"Porque o fato de eu não ser conhecido me possibilitou fazer muitas matérias de infiltração, de frequentar lugares sem ser reconhecido. Então, esse é o motivo. E agora eu acho que já está na hora de descansar um pouco. Eu não tenho mais por que me esconder", continuou, enquanto as luzes do estúdio se acendiam.
Outro motivo para se manter anônimo, segundo Eduardo, foi preservar os familiares, já que chegou a ser ameaçado mais de uma vez por conta das investigações. "Eu sabia o peso da minha responsabilidade. Eu sacrifiquei a minha família, minha mulher, meu filho — e eles nunca me cobraram. Mas eles sabem o que passaram. O meu filho fez a faculdade com policiais na porta da sala de aula", lembrou.
Eduardo Faustini trabalhou no Fantástico de 1997 a 2021, quando foi desligado da emissora. Entre suas reportagens marcantes, estão a prisão do ex-coronel da Polícia militar Hildebrando Pascoal, acusado de comandar grupos de extermínio, e a exposição de diálogos que mostravam corrupção explícita de agentes da prefeitura de São Gonçalo, no Rio de Janeiro.
Faustini também noticiou a queima de documentos da época da Ditadura Militar em Salvador, cobriu conflitos entre policiais e traficantes do Rio e investigou denúncias sobre desvios de dinheiro público – na série Cadê o Dinheiro que Tava Aqui?.
* Texto de Lívia Carvalho
Lívia Carvalho é estudante de Jornalismo e apaixonada por cultura pop. Antes de entrar no time da coluna, foi produtora, apresentadora e repórter no programa Edição Extra, da TV Gazeta. Siga Lívia Carvalho no Instagram: @liviasccarvalho