De volta à Globo como participação especial na segunda temporada de Vicky e a Musa, Leonardo Miggiorin contou o motivo de ter sumido de trabalho frente às câmeras após enfileirar papéis no começo dos anos 2000. O ator acredita que ficou "na geladeria" não ter cedido a investidas sexuais de um profissional.
"Foram violências veladas, e eu não tinha a força que tenho hoje internamente para me autorizar a dizer ‘você não vai falar comigo desse jeito’ ou ‘não virá ao meu hotel de madrugada e me pedir para descer’. Quando uma pessoa quer uma coisa e ela tem poder, é capaz de tudo, não enxerga o outro", contou ele, em entrevista ao jornal O Globo.
Como o assunto ainda não era debatido publicamente, Leonardo optou por sofrer em silêncio enquanto notava que os trabalhos na dramaturgia ficavam cada vez mais escassos.
"Tive muitas crises de ansiedade e pânico. Passei anos fazendo terapia, tentando entender o que estava acontecendo. É como não ser convidado para uma festa da qual você sempre participou. É chocante, sabe? Fiquei muito triste. Foram anos de muita solidão, na verdade", completou.
Liberto das amarras
De volta a TV depois de quase dez anos de hiatus, Leonardo optou por não esconder sua identidade: de homem bissexual. O ator relembrou que foi orientado a não revelar sobre sua sexualidade no começo da carreira para não ser prejudicado.
Ele, no entanto, não viu mais sentido esconder quem era nos últimos anos e passou a postar registros com o namorado João Victor Amado, que é produtor e diretor comercial.
"Não faz mais sentido publicar fotos com todos os meus amigos e não postar o cara com quem namoro. Minha comunicação estava muito fragmentada e, por causa disso, estava me escondendo e me isolando. Por outro lado, era como se não apoiasse a luta LGBTQIAP+", conta Miggiorin.
Mas, para isso, o ator contou que optou por conversar diretamente com a família. Leonardo tem dois sobrinhos e se preocupou em como os meninos seriam impactados por sua escolha.
"Liguei para a minha cunhada, e ela respondeu: ‘Léo, você não tem que pedir licença para ser quem é’”, recorda-se, emocionado. “Se ouvisse isso lá atrás, aos 19 anos, talvez tivesse sido uma pessoa com menos medo e sofrimento", finalizou.
*Texto de Daniele Amorim
Daniele Amorim é jornalista formada pela Anhembi-Morumbi com pós-graduação na USP. Apaixonada por música, séries, futebol, maquiagem e falar amenidades no Twitter. Siga: @eudaniamorim.