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Um modesto professor de química do ensino médio que se torna fabricante de metanfetamina após descobrir um câncer. A trama de Breaking Bad conduz Walter White à dicotomia entre o moralmente correto ou nutrir o poder em ser um implacável chefe do tráfico. Motivado a sustentar financeiramente sua família, cabe ao espectador interpretar o personagem em sua complexidade, para então, julgá-lo como bom ou ruim. Algo que, em certo momento, levou o próprio criador da série a odiá-lo.
"Uma pessoa me disse que odeia Walter White, e eu também me senti assim no final. Não tenho muita simpatia por ele no final da série, mas outras pessoas têm, como minha mãe", revelou o diretor, Vince Gilligan, em entrevista exclusiva à coluna.
Breaking Bad: A Química do Mal completou 15 anos no dia 20 de janeiro. E a partir de 17 de julho será exibida de segunda à sexta, às 22h05, no canal A&E. A logevidade apresenta às novas audiências os dilemas enfrentados pelos personagens. Sendo a dúvida entre o bem e o mal, um dos componentes principais da fórmula do sucesso do sitcom norte-americano.
"Acho que a moralidade é uma das coisas mais interessantes para se escrever. Eu gosto de acreditar que o universo não é apenas um caos e uma chance aleatória... Existe um certo e um errado absolutos. Então achei interessante escrever sobre um personagem que pensa que é um homem bom, mas faz coisas cada vez mais terríveis por uma boa razão, que é ajudar sua família. Mas eu não consigo pensar em coisas muito mais interessantes para escrever do que isso", contou o também roteirista da série The X-Files.
Como é viver na mente de Walter White?
Vince não hesitou em dizer que se sente orgulhoso por Breaking Bad, mas confessou ter ficado aliviado ao finalizar a série, pois, para criá-la, foi necessário que o autor visse o mundo pelos olhos de Walter White, experiência imersiva que o atormentou. "Quanto mais a série durava, mais sombrios meus pensamentos se tornavam", disse.
"Uma vez eu saí da minha sala de escritor e estava dirigindo para casa. Era tarde da noite, perto do final da série. Eu estava em Burbank, Califórnia, e não era um bairro ruim ou algo assim, mas quando parei em um semáforo, de repente fiquei com medo de que a pessoa que estava no carro ao meu lado fosse atirar em mim. Foi irracional. Eu estava na cabeça de Walter White!", revelou.
![Vince Gilligan coletiva de imprensa 15 anos de Breaking Bad: A Química do Mal pela A&E Vince Gilligan coletiva de imprensa 15 anos de Breaking Bad: A Química do Mal pela A&E](https://i0.statig.com.br/bancodeimagens/9g/a6/v1/9ga6v1lfnocsowlx591pckge0.jpg)
Vince confessou que tirou um peso das costas por se sentir sobrecarregado. No entanto, a sensação não supera a satisfação com o resultado da série. "Estou muito feliz com o fim de Breaking Bad. Ele [a série] terminou propriamente, os fãs parecem felizes com o final e com Better Call Saul também", disse.
E completou: Eu poderia fazer Breaking Bad pelo resto da minha vida, mas tenho medo de machucar as pessoas com as memórias sobre a trama… Não quero desapontar os fãs", confessou.
Lançamentos no universo Breaking Bad
Após Breaking Bad, Gilligan passou a criar e produzir a série spin-off Better Call Saul, que estreou em 2015 e se passa no mesmo universo do drama. Além de seu trabalho na televisão, o autor de 56 anos produziu vários longas-metragens, incluindo Hancock e El Camino: A Breaking Bad Movie, que estreou na Netflix em 2019 e serviu como uma continuação de Jesse Pinkman, um dos protagonistas da narrativa, nos eventos finais que acontecem em Breaking Bad.
Questionado sobre o que está preparando, Vince quer manter segredo, mas revelou o desejo em querer criar algo diferente. "Quero ver se consigo inventar algo novo e fazer com que as pessoas gostem. Eu não acho que haja um único segredo para o sucesso. Surge um projeto pelo qual você é apaixonado, você tenta comunicar essa paixão para os telespectadores, e então, a sorte pode recair sobre você ou não. Esse é meu melhor pensamento sobre esse assunto", contou.
Em breve, você poderá acompanhar mais uma criação de Gilligan nas telas! Atualmente, o diretor está trabalhando em uma nova série para a plataforma Apple TV, que se concentrará em um detetive particular interpretado por Giancarlo Esposito – que interpretou Gus Fring em Breaking Bad – e Rhea Seehorn, a atriz principal em Better Call Saul.
*Texto de Lívia Carvalho
Lívia Carvalho é estudante de Jornalismo e apaixonada por cultura pop. Antes de entrar no time da coluna, foi produtora, apresentadora e repórter no programa Edição Extra, da TV Gazeta. Siga Lívia Carvalho no Instagram: @liviasccarvalho