Sucesso no litoral de São Paulo pelas apresentações como cover de Roberto Carlos, o artista José Luiz Bonito, também conhecido como Roberto Boni, foi condenado a pagar R$ 15 mil de indenização por ofender Miriam Leitão, da Globo, na internet. Ele pode recorrer.
A decisão é da juíza Barbara Donadio Antunes Chinen, da 3ª Vara do Foro de Registro, no interior de São Paulo. De acordo com a sentença, Roberto Boni é acusado de ofender a jornalista publicamente, em uma live feita no canal dele no YouTube, o Canal Universo, que tem 473 mil inscritos, em outubro de 2018.
"Ela faz jus ao nome dela, né? Leitão", disse Roberto Boni, segundo descrito no documento. "[...] No caso dela, uma terrorista aí, presa, assaltante do Banespa lá no Iguatemi, em São Paulo. Estava com um [calibre] 38, assaltando o banco". Pouco depois, ele teria dito, ainda, que a jornalista "incorpora o leitão, o corpo suíno", afirmou na época.
Boni chegou a ser condenado a dois anos e seis meses de detenção, mas a pena acabou convertida na restrição de direitos. Portanto, ele terá de pagar, além da indenização por danos morais, cinco salários mínimos, que têm valor de aproximadamente R$ 6.500 em março de 2021 – quando foi comprovado que o vídeo estava no ar – em prestações pecuniárias [à vítima], taxa judiciária - não especificada - e serviços à comunidade.
Em entrevista ao g1, o sósia afirmou ser "vítima de notícias equivocadas", em relação ao próprio discurso em que insinuou Miriam no crime. "O assalto ocorreu, mas a jornalista não fazia parte, conforme apurado, e vim a saber depois. Vejo tudo de forma lamentável", argumentou.
Segundo a sentença, Miriam afirmou, durante uma audiência, que "nunca praticou nem praticaria um roubo, que nunca segurou uma arma de fogo e que foi absolvida pela Justiça Militar, já que, na época de tal crime, ela tinha 14 ou 15 anos, morava no interior de Minas Gerais e sequer estivera em São Paulo", defendeu-se.
Em 2018, a foto da ficha criminal de Leitão circulou na web com a mensagem falsa indicando a participação dela no assalto, a mesma replicada por Boni em vídeo. Conforme apurado pelo serviço de checagem Fato ou Fake da Rede Globo, Miriam nunca foi presa ou processada por roubo a mão armada, nem participou do assalto mencionado pelo cover de Roberto Carlos. O crime aconteceu em outubro de 1968, na agência do Banespa na Rua Iguatemi, em São Paulo.
A jornalista só foi presa quatro anos depois, em 1972, no 38º Batalhão de Infantaria em Vila Velha, no Espírito Santo, por militar no PCdoB, partido clandestino na época, adepto da guerrilha no campo, mas que não realizou nenhuma ação armada. Ela foi absolvida. Nessa época, ela já estava com 19 anos e tinha se mudado para Vitória. As informações são do livro Em nome dos pais, escrito pelo filho de Miriam, Matheus Leitão.
*Texto de Lívia Carvalho
Lívia Carvalho é estudante de Jornalismo e apaixonada por cultura pop. Antes de entrar no time da coluna, foi produtora, apresentadora e repórter no programa Edição Extra, da TV Gazeta. Siga Lívia Carvalho no Instagram: @liviasccarvalho