Ivete Sangalo comanda o Pipoca a Ivete, nas tardes de domingo da Globo
Reprodução/Globo
Ivete Sangalo comanda o Pipoca a Ivete, nas tardes de domingo da Globo

Quando Ivete Sangalo foi anunciada como nova apresentadora das tardes de domingo da Globo, com a promessa de um programa alinhado com sua energia e força artística, a expectativa foi lançada às alturas. Mercado publicitário, público e imprensa esperavam algo que pudesse arejar a programação do fim de semana. Em sua terceira semana no ar, o Pipoca da Ivete mostra o contrário: é um apanhado de "ideias" repetidas e que já fracassaram em outros tempos, deixando evidente o desgaste criativo da emissora.


Há anos a Globo vem investindo em uma fórmula batida e que não mostra resultados satisfatórios: fazer famosos pagarem mico na TV. Para não ser desonesto, o único que tem conseguido sobreviver a este formato é o Caldeirão com Mion. Mas o sucesso se deve muito mais ao carisma do apresentador que aos quadros em si.

Nessa ideia de "constranger famosos" com o pretexto de entreter o público, temos uma lista de atrações recentes que fracassaram: Tomara que Caia (2015), Os Melhores Anos das Nossas Vidas (2018), Tá Brincando (2019), Tamanho Família (2019), Se Joga (2019), Casa Kalimann (2021) e Zig Zag Arena (2021).

E o Pipoca da Ivete é um pouco de todos estes programas que floparam no passado. Os quadros são uma repetição de algo que já deu errado, mas com uma roupagem nova. A apresentadora já havia dito na coletiva de imprensa que sua atração iria homenagear o que já tivemos de melhor na TV brasileira. Mas não é isso que estamos vendo.

A sensação que transmite é que J.B. de Oliveira, o Boninho, reciclou todas as ideias ruins que já teve no passado e criou o Pipoca às pressas. Parece que não houve tempo para uma análise de suas criações que fracassaram no entretenimento da Globo e apostou todas as fichas no talento da apresentadora.

Ivete Sangalo salva o Pipoca de ser uma bomba ainda maior. Ela tem carisma, talento de sobra e um efeito hipnotizante. Os convidados se entregam a seus comandos e se sujeitam a tudo que ela propõe em cena. Nas redes sociais, os elogios à cantora são inúmeros. Mas as brincadeiras sem graça e desgastadas não convenceram.

O lado ruim de persistir com um formato ruim como o do Pipoca é desgastar a imagem de Ivete Sangalo, que fez um trabalho magistral nas duas temporadas do The Masked Singer.

Neste domingo (7), o volume de críticas ao programa reduziu consideravelmente por conta de um pequeno ajuste: aumentou o tempo de apresentações musicais e reduziu a duração de alguns quadros sem graça. Mariana Santos também deu um show de carisma e ajudou a salvar alguns quadros com sua irreverência. Mesmo assim, não foi suficiente para elevar os índices de audiência da Globo.

Para se ter uma noção, o programa de Ivete sucedeu o filme Velozes & Furiosos 5 - Operação Rio, e fez a Globo perder cinco pontos na Grande São Paulo nos primeiros minutos, de acordo com os dados prévios do Ibope. De 15, despencou para 10. Mas recuperou parte do fôlego e chegou perto de atingir 13 pontos na reta final, quando entregou para o duelo entre Palmeiras e Goiás.

Pipoca da Ivete tem salvação. Primeiramente porque temos Ivete Sangalo no comando. Segundo porque existem outros caminhos a serem explorados com o potencial desta artista. Boninho e Globo só precisam entender que essa onda de fazer famosos pagarem micos na TV não convence mais.

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