Em seu segundo longa-metragem como diretor, Louis Garrel volta a abordar o trânsito das relações afetivas em um círculo social. Assim como em “Dois Amigos”, o personagem que interpreta se chama Abel. Mas as semelhanças cessam por aí.
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Em “Um Homem Fiel” , Louis Garrel está mais interessado na combustão do desejo, seja ele ardente ou latente, no homem e na mulher. Para isso, estrutura arquétipos e trabalha com eles sobre linhas muito bem definidas pelo roteiro que assina em parceria com Jean-Claude Carrière.
O filme abre com Abel recebendo a notícia de Marianne (Laetitia Casta) de que ela está grávida, que o filho não é dele, mas sim do amigo Paul. Abel reage com certa apatia e incredulidade. Na narração em off nos exorta algumas de suas angústias e diz que dormiu com outra mulher naquela noite na expectativa de esquecer Marianne, mas que esqueceu logo a outra mulher.
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Pesarosamente romântico, mas de um jeito bem francês, o longa vai girando como uma ciranda pelas perspectivas das personagens femininas. Marianne, que amava tanto Paul como Abel, e Ève, vivida por Lily-Rose Depp, irmã de Paul que tinha desde criança Abel como crush e agora, após a morte do irmão e vendo ele se reinserir em seu convívio social, estava decidida a tê-lo como homem.
No entanto, é mesmo Abel e seu masoquismo amoroso o grande protagonista dessa crônica tecida por Garrel. Com senso de humor e desencanto que navegam pela influência do pai, Philippe Garrel, e pelo cinismo de Woody Allen, o cineasta teoriza sobre uma fidelidade viciosa, que fica entre o comodismo e o fetiche.
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É um cinema muito sedutor do ponto de vista intelectual, assim como o é para aqueles que gostam de se engajar nas motivações amorosas. As próprias e as dos personagens. Justamente por isso a cadência algo intermitente de “Um Homem Fiel” não incomoda nem um pouco .