Não é nenhum segredo que o cinema de ação mudou com o passar dos anos. Aqueles filmes cascudos que fizeram a fama de astros como Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger e Bruce Willis nos anos 80 até ensaiaram um revival em tom de paródia com a franquia “Os Mercenários”, mas a verdade é que em um gênero dominado por heróis e fantasias esse tipo de ação parece não ter mais espaço.
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Justamente por isso chama a atenção o impacto cultural provocado por John Wick , o talentoso assassino vivido por Keanu Reeves na franquia homônima. Diferentemente de “Velozes e Furiosos”, que foi se transformando com o tempo e hoje contempla um inesperado multiverso com a chegada de “Velozes e Furiosos: Hobbs & Shaw” em agosto, essa franquia, tão acidental quanto a dos carros tunados, consegue materializar o melhor do cinema dos anos 80 e 90 com a linguagem moderna do gênero.
- A ideia de um matador aposentado forçado a voltar à ativa é poderosa e já foi usada inúmeras vezes no cinema, mas a série se articula sagazmente nesse departamento com a morte do cachorrinho deixado pela esposa do protagonista no primeiro filme
- A mitologia em torno da figura de John Wick é muito bem trabalhada nos três filmes. O público ouve que o personagem interpretado por Keanu Reeves é fantástico na sua linha de trabalho, mas também vê
- As cenas de ação são brilhantemente coreografadas. São os melhores stunts (como são chamadas essas cenas de grande elaboração física e logística nos EUA) do cinema atual
- Keanu Reeves compreende brilhantemente seu personagem e o personagem parece talhado para a persona pública do ator, um tipo introspectivo e avesso às badalações da fama
- O universo dos assassinos profissionais e seus códigos de ética são abordados pelo cinema desde os tempos seminais do Western, mas a franquia explora isso de maneira oxigenada proporcionando uma fusão de mídias. Em seu desenvolvimento há muito das HQs do início do século e uma saudável sinergia com games contemporâneos
- O nível das cenas de ação é mais sofisticado a cada novo filme, um cuidado que não se via desde os filmes da franquia Bourne de Paul Greengrass na década passada
O terceiro filme da franquia, que estreia nesta quinta-feira (16), ratifica esse momento singular. Eis uma série barata, se comparada tanto com o universo cinematográfico da Marvel como com “Velozes e Furiosos” e altamente lucrativa. Devolveu a Keanu Reeves o pedigree de astro de um produto que depende essencialmente dele - e não são todos os astros hollywoodianos que podem se gabar disso atualmente – e angaria fãs a cada novidade.
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Quando falamos de John Wick , novidade é a ordem do dia. Além de um quarto filme já garantido por Chad Stahelski, o ex-dublê responsável pela direção dos três primeiros, o personagem deve gerar um game e uma série de TV sobre o hotel Continental (que serve como base e refúgio para assassinos em diversas partes do mundo). Esses são sintomas de sucesso e o personagem ainda tem fôlego para muito mais.