A direção do Festival de Cannes anunciou nesta quinta-feira (18) os filmes que integram o lineup oficial do evento , tanto na competição oficial pela Palma de Ouro, como nas mostras paralelas. A baixa presença de estrelas hollywoodianas chama a atenção, mas não mais do que a força do cinema brasileiro e o esforço da direção do festival, devidamente sublinhada pelo curador Thierry Frémaux, de ampliar o número de cineastas mulheres em competição.
Kleber Mendonça Filho, que em 2016 competiu à Palma com "Aquarius", volta à disputa com "Bacarau", seu novo filme codirigido por Juliano Dornelles. O longa também marca o retorno de Sonia Braga à riviera francesa. Karim Aïnouz, com "A Vida Invisível de Eurídice Gusmão", também é Brasil em Cannes , mas na mostra Um Certo Olhar, a segunda em importância no evento.
Há, ainda, "Port Authority", de Danielle Lessovitz, que é produzido pela RT Features do brasileiro Rodrigo Teixeira. Esse último destaque congrega duas tendências do festival em 2019. Um esforço de olhar para o mundo com mais carinho, dando atenção a cinematografias como a do Brasil e a mulheres na competição oficial, como duas das debutantes na briga pela Palma de Ouro , Céline Sciamma e Justine Triet.
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Isso não quer dizer, é claro, que o maior e mais prestigiado festival de cinema do mundo esteja preparado para renunciar a seus medalhões. Foram 19 filmes anunciados nesta quinta e há espaço, e disposição, para incluir o aguardado "Era Uma Vez em... Hollywood", de Quentin Tarantino , ainda em finalização.
Além de resolver o problema "astros de Hollywood", o novo Tarantino debutando em Cannes garantiria as festividades dos 25 anos de "Pulp Fiction: Tempos de Violência", que despontou lá em 1994.
Mas se Tarantino ainda é uma incógnita, Cannes assegurou boa cota de medalhões. Incluiu Pedro Almodóvar na competição oficial, mesmo com seu "Dolor y Gloria" já tendo estreado na Espanha. E garantiu os já vencedores da Palma Ken Loach, Terrence Malick e irmãos Dardenne. Além de figuras como Jim Jarsmusch, Xavier Dolan e Mario Bellochio.
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Sem diálogo com a Netflix (por enquanto), Cannes parece disposto a descer do pedestal, ainda que hesite em renunciar ao ar blasé. Templo do culto ao cinema de autor, o festival se prepara para mais uma edição cercada de muita expectativa.