
O cantor MC Poze do Rodo foi solto nesta terça-feira (3), após decisão da Justiça do Rio. O funkeiro estava preso desde 29 de maio, acusado de apologia ao crime e associação ao tráfico. A libertação ocorreu após o desembargador Peterson Barroso Simão apontar irregularidades na atuação policial.
O magistrado afirmou que a prisão era desnecessária e destacou abusos cometidos na abordagem. “ O paciente teria sido algemado e tratado de forma desproporcional, com ampla exposição midiática ”, escreveu Simão no despacho desta segunda-feira (2).
Segundo a Justiça, os materiais apreendidos na operação são suficientes para dar continuidade à investigação, sem necessidade de manter a prisão preventiva. Poze foi detido durante operação da Delegacia de Repressão a Entorpecentes, no Recreio dos Bandeirantes.
Multidão protesta e polícia age com violência
Centenas de fãs se reuniram em frente ao presídio Bangu 3 para esperar o artista. A Polícia Militar usou cacetetes e gás de pimenta para dispersar a aglomeração. Entre os apoiadores estava MC Oruam, que também é alvo da Justiça fluminense.
Pela manhã, a influenciadora Vivi Noronha, esposa de Poze, foi alvo de mandado de busca por suspeita de lavagem de dinheiro ligada à facção Comando Vermelho. A operação ocorreu após a morte do traficante conhecido como Professor, investigado por movimentar R$ 250 milhões.
Segundo o Coaf, dois depósitos de quase R$ 1 milhão foram feitos por supostos laranjas nas contas de Vivi. “ Ela e sua empresa figuram como beneficiárias diretas de recursos oriundos da facção Comando Vermelho ”, informou a Polícia Civil.
Agentes das delegacias de Roubos e Furtos, de Repressão a Entorpecentes e do Departamento-Geral de Combate à Lavagem de Dinheiro cumpriram mandados no Rio e em São Paulo. A Justiça ordenou bloqueio de 35 contas bancárias.
Vivi comentou nas redes sociais: “ Fomos tratados como criminosos – eu, minha família e amigos – e nossa privacidade foi completamente desrespeitada .” A influenciadora questionou a coincidência entre a operação e a soltura do marido.
Habeas corpus
A Justiça do Rio de Janeiro concedeu habeas corpus ao cantor na noite desta segunda-feira (2). O funkeiro foi preso na última quinta-feira (29), acusado de apologia ao crime e envolvimento com o tráfico. A decisão ainda não havia sido cumprida devido ao horário em que foi emitida.
A informação também foi comemorada nas redes sociais por Viviane Noronha. “Obrigada, Jesus! Saiuuu a decisão. MC não é bandido, aceitem”, escreveu em publicação no Instagram.
Viviane ainda compartilhou vídeos celebrando a decisão com fãs. Em um dos registros, ela fala ao telefone com o advogado do cantor e recebe a confirmação do habeas corpus. A multidão comemora jogando bebidas para o alto. “Vencemos mais uma, graças a Deus”, disse em outro vídeo.
MC Poze foi preso pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes em casa, no Recreio dos Bandeirantes. A polícia afirma que o funkeiro fazia shows em áreas controladas por facções e que músicas e vídeos promoviam símbolos ligados ao Comando Vermelho.
Polícia acusa funkeiro de ligação com facção
A investigação, sob sigilo, cita apresentação feita na Cidade de Deus no dia 17 de maio. Vídeos mostram a presença de homens armados no local e letras que mencionam armas e o Comando Vermelho. Dois dias depois, um policial foi morto na mesma comunidade.
Durante a prisão, os agentes apreenderam uma BMW avaliada em R$ 1 milhão e diversas joias. Parte dos itens já havia sido alvo de decisão judicial anterior. A polícia solicitou a quebra do sigilo dos telefones apreendidos no local da detenção.
O artista foi levado à delegacia descalço e sem camisa, o que gerou críticas de fãs e outros cantores, como MC Cabelinho, MC Daniel e Oruam. A Polícia Civil justificou que a condução depende da conduta do detido no momento da prisão.
MC Poze foi encaminhado à unidade Bangu 3. No registro de entrada, ele declarou vínculo com a facção e recebeu classificação de periculosidade média. A Secretaria de Administração Penitenciária confirmou a informação.
O histórico do funkeiro inclui outras polêmicas. Em 2019, ele foi preso por apologia ao crime em Mato Grosso. Em 2023, foi alvo da Operação Rifa Limpa, que investigava sorteios ilegais promovidos por ele e pela esposa. Há ainda dois inquéritos em andamento por suposta tortura a um ex-empresário e perturbação do sossego. O artista tem 26 anos e mais de 15 milhões de seguidores nas redes sociais.