Day e Lara são gestoras da dupla há dois anos
Reprodução/Instagram - 17.11.2022
Day e Lara são gestoras da dupla há dois anos

Day Camargo e Lara Menezes começaram a carreira como dupla em 2015, colhendo o “plantio” do trabalho de muitas mulheres no sertanejo, das irmãs Galvão a Marília Mendonça. Apesar do início de Day e Lara acontecer no modelo tradicional do negócio, com uma equipe de gestão responsável pelo duo, há dois anos as artistas passaram a atuar como gestoras da própria carreira.

A decisão ocorre como uma tentativa de abrir uma porta que as compositoras ainda notam estar fechada na área, apesar da constante potência feminina no meio.

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“Acredito que as portas de gestão de carreira precisam ser abertas. Existem vários gestores e empresários no meio sertanejo, mas mulheres são poucas [...] Sentimos falta de mulheres na linha de frente da gestão de carreiras”, afirma Day ao iG Gente, na quarta e última matéria da série “Além do que se vê: o que os holofotes não revelam” .

A cantora não considera que o sertanejo seja “muito machista”, mas vê o ramo ainda “muito masculino” e reforça que é preciso "desconstruir" tal sistema não só na própria área.


“Por isso que a gente usa o slogan de ‘respeita as braba’. Porque isso é para todas as mulheres, em todos os ramos. Ser mulher já é ser muito ‘braba’. [...] Todos os dias é uma desconstrução em meio a construção”, complementa. Lara relembra como a escolha de gerir a carreira aconteceu diante de uma insatisfação com a gestão anterior, com a qual elas não “compactuavam”. Entre os desafios enfrentados desde que começaram a ocupar a função, Day ressalta como ainda são subestimadas.


“As pessoas subestimam o poder de se gerir uma carreira sendo a própria cantora. Todos os dias a gente precisa se impor e sente na pele o que é ser desacreditada. É ótimo dar os passos que você precisa. E conquistar é sensacional. Nada melhor do que nós mesmas, que somos o próprio produto, falando pelo produto e dizendo o que ele representa no meio sertanejo. Mas há dois anos, quando isso caiu no nosso colo, a gente falou: ‘Caramba, será que vamos dar conta?’”, relembra.

A dupla admite que o conhecimento das funções na gestão não foi imediato, mas ocorreu após muito estudo para estabelecer a empresa “DL Produções Artísticas”. “Foi uma decisão em conjunto e a gente pôde estudar desde gestão de pessoas até gestão de negócios. Quando voltaram os shows e o mercado [após a pandemia], realmente aprendemos com os profissionais que contratamos”, pondera Lara.

“Independentemente de sermos artistas independentes, não somos sozinhas. Temos vários braços e setores, do marketing, financeiro, administrativo, distribuidora, impulsionamentos. São muitas pessoas somando com Day e Lara para conseguirmos números que, para a gente, são significativos. Hoje estamos com mais de um milhão de ouvintes nas plataformas digitais e temos uma procura muito bacana de shows, em média de dez a doze no mês”, completa Menezes.


Camargo reconhece que foi necessário não “glamourizar” a vida como cantora sertaneja e ser mais “racional”, observando o trabalho como “um produto que precisa ser vendido”. Lara ainda pondera a relevância de atuar neste formato para que outras mulheres vejam que é possível ocupar cargos altos nos bastidores.

“Fomos condicionadas desde muito novas a acreditar que precisávamos ter alguém por trás da gente, seja gerindo, dentro de um selo, um escritório, ou com um empresário, ou investidor”, avalia.

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“Estamos desconstruindo isso não só na gestão, mas também como artistas, como cantoras e compositoras. Ainda somos poucas no Brasil, então a gente luta”, acrescenta. Day descreve o trabalho como compositora como um instrumento para se manter “atualizada” e celebra possibilidades em que a dupla teve destaque.

Além das mais de 350 composições que já foram gravadas por diversos artistas do sertanejo, de Maiara e Maraísa a Wesley Safadão, Day e Lara recentemente integraram o time de compositores da série “Rensga Hits”. As cantoras se dedicam à composição semanalmente, mas analisaram como “especial” a experiência de trabalhar nas faixas “Disfarce” e “Nota 100” para a produção do Globoplay.


“Quando vamos compor, com compositores novos, também temos esse alvo de atualizar o tempo todo, para a gente é benéfico em todos os sentidos. O ‘Rensga Hits’ foi algo mágico, ao ser a primeira vez que nós compusemos para algo direcionado, onde tinha uma trama com personagens e que tínhamos que seguir uma história”, pondera Day, que ainda agradece o convite da compositora Bibi para o projeto.

A compositora compartilha que elas não escrevem novas canções pensando se a faixa será destinada a uma dupla ou outro artista, mas propõe que a constância da atividade em todas as formas é de extrema importância. “Uma vez perguntamos para Fátima Leão se ela é mais cantora ou compositora. Ela falou: ‘um não se desprende do outro, eu sou os dois ao mesmo tempo’. Então [esse trabalho] é muito necessário para a gente, que surgiu da composição, ser compositora e cantora. Isso nos traz a versatilidade e a atualização para cantarmos o que está sendo consumido hoje”, pontua.

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