Marcelo e Nem Menezes integram o Tchakabum há mais de vinte anos
Reprodução/Instagram - 27.10.2022
Marcelo e Nem Menezes integram o Tchakabum há mais de vinte anos

Há mais de vinte anos, tocar a música “Onda, Onda” em festas, casamentos e formaturas é sinônimo de reproduzir a coreografia de um dos maiores sucessos do grupo Tchakabum.

No entanto, a canção lançada por Marcelo e Nem Menezes em 2001 voltou a ter destaque em 2022 devido a um famoso trecho inserido em uma faixa viral do TikTok. “Andou na prancha, cuidado o tubarão vai te pegar” passou a alcançar um novo público ao integrar o hit “Tubarão, Te Amo”, do DJ LK, e exibiu a importância da adaptação para promover banda de Axé Music no novo momento do mercado musical.

Atual gestor do Tchakabum, Rafael Miranda conta que a parceria começou de maneira "totalmente despretensiosa", mas a ampla repercussão mostrou como a faixa traz uma “fórmula perfeita” no mercado atual. “A parte do Tchakabum [na música] gera automaticamente um gatilho e ativa alguma coisa na mente, não só da galera das antigas que viveu a época áurea do grupo, mas dos mais novos também [...] É impressionante a capacidade de renovação que o Tchakabum tem”, diz o profissional ao iG Gente, na terceira matéria da série “Além do que se vê: o que os holofotes não revelam” .

Rafael ressalta que a faixa traz a versão original do Tchakabum e foi utilizada inicialmente por LK como um “mashup”, que apenas integraria o set do filho de MC Créu. Porém, ele afirma que a prévia lançada da música foi “rapidamente aceita” quando o DJ trouxe elementos em alta para o remix: “batidas e sons que estimulam a dança”, o termo “tubarão” que já estava em alta e o vocal “te amo” de MC Jhenny, em uma colaboração que também contou com MC Ryan SP, MC Daniel e MC RF.

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“Começou a viralizar e o LK notou que as pessoas iriam procurar essa música nas plataformas. Sem muito planejamento, ele simplesmente disponibilizou e gerou toda essa onda”, relata, sobre os bastidores do sucesso. Miranda também explica que a falta de organização para a divulgação da música exigiu alguns ajustes da própria parte como gestor, já que, inicialmente, nem o nome do Tchakabum constava entre os artistas parceiros do hit.

O clipe lançado há duas semanas conta com mais de quatro milhões de visualizações e a faixa segue no Top 50 do Spotify, na 15ª posição. O manager do Tchakabum explicou que um "reupload" do hit foi necessário para agradar todas as partes envolvidas.

“Querendo ou não, é um dos principais sucessos do Tchakabum. Envolvia outros compositores, editoras e gravadoras, porque o LK pegou a gravação original [...] Não estava nem aparecendo para as pessoas que era uma música em parceria com o Tchakabum. Então, ele fez um ‘reupload’ da forma correta, para não acontecer problemas que lá no passado já aconteceram com outros artistas, por falta de organização burocrática”, pontua.

Sobre os ajustes feitos após o lançamento, o gestor conta que ocorreu a divisão do percentual de remuneração dos profissionais envolvidos na faixa, reconhecendo que o hit promoveu “um dinheiro importante” para os envolvidos. “Tivemos que organizar [...] Combinamos a parte de cada um, para que amanhã ninguém se sinta lesado”, complementou.

Além da movimentação financeira, o hit também alavancou a banda por conta da parte que viralizou nas redes sociais apresentar, justamente, o trecho de “Onda, Onda”. “Se você ouvir a música integralmente, não é uma música para o repertório do Tchakabum. Na forma original da música, não tem como cantar inteira nos nossos shows, na rádio ou televisão por questão do tema, das palavras totalmente explícitas. Mas a parte que está viralizando é justamente a parte leve, a parte que tem o Tchakabum e que está contando essa história”, avalia.

Rafael entende como a repercussão promoveu a possibilidade de o grupo também se manter em destaque em mídias tradicionais enquanto a faixa subia nas paradas das plataformas e nas redes sociais. “Se falarmos abertamente, dificilmente essa música teria espaço em sua originalidade para ser abordada em canais convencionais de rádio e televisão, ainda mais nacional”, destacou o manager no Tchakabum, que recentemente acompanhou os artistas em programas da Globo, SBT, Band e mais.


“Como é uma banda que conversa com a família brasileira, que agrada desde a criança até a avó, e a parte viral é a parte leve, então, isso fez com que a gente conseguisse contar essa história. E aproveitar o que está acontecendo por conta do Tchakabum nessas mídias convencionais, o que acaba agregando para outros artistas que fazem participação na faixa”, analisa.

A transição do Tchakabum

Há mais de vinte anos em atividade, o Tchakabum passou por uma transição entre o modelo major, das grandes gravadoras musicais que dominavam o mercado, para um movimento mais independente diante da chegada do streaming . Rafael Miranda admite que a demora para o grupo reconhecer essa mudança trouxe resultados negativos para a banda.

“Demorou-se muito tempo para eles entenderem o que estava acontecendo com o mercado fonográfico. E essa demora é essa lacuna gerou muito prejuízo por falta de conhecimento [...] Foi uma das bandas que mais me deu e ainda me dá trabalho para organizar a casa. Porque quando eu assumi, vi muita coisa bagunçada e jogada, muita coisa na mão de terceiros que nem eles próprios sabiam porque que estava, com quem que estava com aquilo”, expõe.

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O gestor exemplifica que, quando passou a se dedicar integralmente ao Tchakabum há um ano, descobriu que existiam quatro perfis de redes sociais oficiais do grupo em uma mesma plataforma. “Não tinha acesso a nenhum deles e não sabia qual era cada, já que cada uma tinha um telefone e um e-mail diferente”, relembra.

Miranda assume que a parte mais desafiadora do trabalho com a banda está em explicar as mudanças frequentes na área. “A parte complicada para mim, enquanto manager, é a cada dia explicar os novos movimentos, as novas redes, as novas plataformas. Todos os dias eu tenho que dar uma aula”, comenta o profissional, que ressalta que faz questão de ensinar os integrantes, não apenas repassá-los uma “fórmula”.

“É muito complexo para eles [Marcelo e Nem Menezes] que viveram cerca de quinze e anos fazendo da mesma forma e o mercado dizendo é assim que funciona. E aí do nada tem uma ruptura e uma mudança brusca, então a primeira sensação é de continuar fazendo o que a gente fez, porque deu certo. Mas começou a ser diferente, porque o resultado já não via como antes, já não agregava da mesma forma”, pondera.

Rafael também expressa como as mudanças ocorrem “Sem perder a essência” do que é o Tchakabum. “Tenho a grande felicidade de trabalhar com uma das maiores bandas do Brasil do segmento [...] Isso é o que garante o movimento que existe independente de lançamentos, independente de publicações, de nada. Se o Tchakabum hoje não sair de casa, se o Marcelo não fizer mais nada na internet e ele simplesmente desligar, o legado que foi construído mantém o Tchakabum. Porque não existe casamento, aniversário e formatura que não toca ‘Dança da Mãozinha’, ‘Avião’, ‘Onda Onda’”, diz.

+ O "AUÊ" é o programa de entretenimento do iG Gente. Com apresentação de Kadu Brandão e comentários da equipe de redação, o programa vai ao ar toda sexta-feira, às 12h, no YouTube, com retransmissão nas redes sociais do portal.


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