O "SuperNanny", extinto reality show do SBT, acabou há sete anos e segue fazendo sucesso com episódios inteiros no YouTube ou em cortes do programa que viraram memes. Cris Poli, educadora e ex-apresentadora do programa, vê com bom humor os comentários sobre a antiga atração. Em entrevista ao iG Gente, ela diz que continua acompanhando o sucesso dos episódios na web, mas não se incomoda com os memes criados a partir deles.
"Eu tenho visto alguns, tenho recebido de amigos e fãs, mas não tenho me incomodado porque creio que as pessoas são muito criativas", conta. Ela conta que brincadeiras surgem nas redes sociais e a educadora entende que é um carinho dos fãs. "Aparecem piadas ou comentários sobre o assunto, mas não sinto agressividade [diferente do que vê na internet], sinto carinho", diz.
Um dos vídeos mais famosos no YouTube, a reação do streamer Casimiro ao episódio da família Gobbo, tem quase 2 milhões de visualizações na plataforma. E, mesmo sete anos depois, ela diz que sente amor de fãs e da web.
"Sinto que há interesse pelas situações e muito bom humor", comenta. "Encontrei várias vezes com famílias que participaram do programa, enquanto estava no ar e depois também, em lançamentos de livros e em palestras", diz, mas conta que encontros do tipo pararam durante a pandemia de Covid-19.
Para a educadora, que participou das 10 temporadas, o programa não ajudava apenas os inscritos, mas também telespectadores. Ela conta que encontra fãs do programa na rua. "Fico feliz e grata a Deus quando recebo o testemunho de mães e avós que educaram seus filhos e netos seguindo as orientações da 'SuperNanny'. Elas me contam suas experiências e me agradecem", diz.
Na produção do programa, ela diz que todos os episódios foram um desafio. Para ela, o primeiro foi o mais complicado. "Foi meu primeiro contato com uma família em frente às câmeras. Eu, totalmente inexperiente, mas com uma equipe de gravação que me apoiou e acompanhou desde o começo", diz.
Ela também conta que tanto no programa quanto nas orientações, é mais simples ajudar as crianças. "É sempre mais difícil mudar a atitude e o comportamento dos pais", afirma.
E quem pensa que Cris Poli poderia sair do sério fora das câmeras, ela desmente. "Nunca sai do sério porque sempre trabalhei com muito amor e respeito, tentando entender os problemas de cada família e fazendo tudo o que estava ao meu alcance para ajudar", conta.
"Talvez uma versão atualizada do 'Super Nanny' faria sucesso"
Para Cris Poli, muito mudou da época do programa para hoje. A educadora pensa que uma segunda versão do reality faria sucesso justamente pelas mudanças em quase 10 anos de encerramento da atração. "Creio que os pais estão precisando de ajuda hoje, tanto quanto naquela época, porque as coisas mudaram radicalmente na sociedade", diz.
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Ela crê que os pais seguem precisando de ajuda. "Tudo mudou, seja nos relacionamentos quanto nas propostas educacionais. Tenho observado que os pais não sabem lidar com as mudanças, estão confusos e pedem socorro", diz, em tom de brincadeira. Ela até aposta em uma nova versão do programa. "Pode ser uma versão atualizada faça sucesso", brinca.
Apesar de dizer que a educação mudou em sete anos, as dicas dela do programa ainda valem para os dias de hoje. "A essência dos princípios que ensinei, e continuo ensinando, como autoridade, respeito, organização e responsabilidade, são a base de uma educação sólida e permanente", diz.
Mas o que a "SuperNanny" fez após o fim do reality?
Muitos podem pensar que a pessoa sai da televisão e cai no esquecimento, mas Cris seguiu com os projetos educacionais e de orientação aos pais, como fazia no reality show.
Ela conta que trabalha em livros, palestras em escolas, empresas e igrejas, consultas e orientações para pais. "Presencial, antes, e on-line durante a pandemia", além de lives e trabalhos com famílias em igrejas.
O sucesso do programa segue até hoje. Tanto, que ela diz que segue recebendo pedidos de pais. "Recebo diariamente solicitações para consultas. Os pais continuam pedindo socorro", afirma.
Neste ano, Cris Poli lançou o livro " Bullying: como prevenir, combater e tratar" . Na obra, ela dá dicas para pais e professores sobre situações de bullying em escolas e a influência das redes sociais no comportamento abusivo.
Da última temporada, em 2014, para os dias atuais, Cris conta que o modo de educar e de se relacionar com crianças mudou. "Principalmente nos dois últimos por conta da pandemia, o relacionamento dos adultos com as crianças tem mudado. O lockdown, com as aulas on-line, alterou a maneira de tratar e educar os filhos", conta.
Ela explica que ficar em casa, 24 horas, sete dias por semana mudou também a relação entre criança e escola. "O contato com os professores e os colegas da escola mudou para ser por meio de uma tela, sem interação presencial. Tudo muito diferente e muito difícil, tanto para as crianças, quanto para adultos", diz.
Sobre o bullying, Cris vê que do reality para hoje, a influência das redes sociais mudou o pensamento e comportamento das crianças. "O problema com as crianças e adolescentes é que eles estão desenvolvendo a personalidade e o pensamento crítico sobre o mundo arredor e nem sempre essa influência é positiva", diz.
Para os pais, Cris dá uma dica durante a entrevista. "Os pais deveriam supervisionar a permanência e os acessos das crianças nas redes sociais", diz. Para identificar se os filhos sofrem cyberbullying, é preciso prestar atenção ao comportamento.
"Essas mudanças podem ser diferentes, dependendo da idade e da personalidade. Mas, se os pais são presentes no dia a dia dos filhos, irão perceber", diz.