Morreu na última segunda-feira (13), em Paris, a cineasta Sarah Maldoror , vítima de coronavírus. Considerada uma pioneira do cinema africano, a diretora de filmes como o longa "Zambizanga" (1972) e o curta "Monangambé" (1968) tinha 91 anos.
Leia também: Morre aos 72 anos o cantor e compositor Moraes Moreira
Sarah nasceu no sul da França, filha de mãe francesa e pai guadalupense, e foi casada com o poeta e político angolano Mário Pinto de Andrade , fundador do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido que governa o país africano desde sua libertação de Portugal, em 1975. Por isso, Sarah era conhecida também por seu ativismo anticolonialista.
Leia também: Pandemia não vai afetar cronograma de "Guardiões da Galáxia 3", diz diretor
Ela estudou cinema em Moscou, onde conheceu o senegalês Ousmane Sembène, conhecido como pai do cinema africano
. Foi assistente de produção de Gillo Pontecorvo em "A batalha de Argel" (1965), filmado na capital argelina. O filme ganhou o prêmio principal do Festival de Veneza.
O primeiro filme autoral de Sarah foi "Monangambé", inspirado em romance do escritor angolano José Luandino Vieira , que na época estava preso em um campo de concentração no Cabo Verde.
A obra de Luandino inspirou também o grande sucesso de Sarah, "Sambizanga", que contou com assistência de Mário Pinto de Andrade no roteiro. O filme conta a história de Maria, habitante de um bairro precário de Luanda, que dá nome ao filme. Durante a revolução de 1961, Maria percorre as cadeias da cidade a procura de seu marido, que tinha sido torturado e morto.
Leia também: O que assistir no streaming com as crianças na quarentena
Após a independência angolana, Mário Pinto de Andrade e Sarah foram obrigados a deixar o país. Em Paris, a cineasta fez documentários sobre outros artistas, como a escultora colombiana Ana Mercedes Hoyos e a cantora haitiana Toto Bissainthe.
Ela deixa duas filhas de seu relacionamento com Mário (morto em 1990), Annouchka e Henda.