Primogênito da Rainha Elizabeth II e do Príncipe Philip, Príncipe Charles é o próximo, de acordo com as leis dinásticas, a assumir o trono do Reino Unido. Todavia, prestes a completar 71 anos de idade, rumores de que o monarca pode renunciar à coroa em benefício de seu filho, Príncipe William, têm sido pauta na imprensa britânica.
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No entanto, ao iG Gente , Marco Antonio Garcia Feliciano e Astrid Beatriz Bodstein, estudiosos de monarquias, definiram a possibilidade de o Príncipe Charles abdicar em prol de Príncipe William como remota, improvável, porém, possível, já que, de acordo com as leis, não há nada que o impeça.
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Para Marco, antes de falar da possível abdicação de Charles, é necessário olhar para o passado e enxergar a visão dos Windsor sobre o assunto, uma memória de medo e trauma.
Para quem não sabe, a Rainha presenciou a abdicação do tio (Edward VIII), em 1936, que renunciou para se casar com a socialite Wallis Warfield. Para o estudioso, Elizabeth II sentiu na pele o tumulto que o ato trouxe, não só na família, mas no país, que acabou enfrentando uma crise constitucional. “A Família Real sempre viu a abdicação como uma traição do Rei. Baseado nisso, acho muito improvável que Charles abdique”, disse ele.
Corroborando a linha de pensamento, Astrid Bodstein, fundadora do grupo no Facebook Realeza/Nobreza e Protocolo e do perfil @RoyaltyAndProtocol, que têm mais de 34 mil seguidores no Instagram, crê que Charles precisaria de um motivo forte para renunciar.
“Legalmente não há nada que o impeça, mas analisando o histórico da Família Real e as consequências que foram geradas pela última abdicação, muitos acreditam que seria difícil ele tomar essa decisão. Precisaria ter um motivo muito forte, de saúde ou de alguma questão política que inviabilize a ascensão dele”.
A popularidade a favor ou contra Charles?
Ao falar de popularidade e como isso pode contribuir ou não para abdicação de Charles, os estudiosos mantém a sincronia. Marco começa afastando a possibilidade disto poder impulsionar o herdeiro a renunciar de seu direito. “Ele tem que ser o sucessor, está na lei”.
Ainda assim, ele reconhece que o primogênito da Rainha não é carismático, mas crê que essa visão está mudando graças a atual esposa do monarca, Camilla - que ficou conhecida por ser amante do Príncipe enquanto ele ainda estava casado com Diana.
“A história da popularidade têm mudado muito, e quer muitos queiram ou não, graças a Camilla. Isso porque a opinião pública também mudou a respeito dela. Ela ganhou muita popularidade nos últimos tempos justamente por ser o oposto do que imaginavam”.
Seguindo o mesmo modo de pensar, Astrid não vê a popularidade como um fator decisivo para a renúncia do Príncipe herdeiro. “Ele não ser popular não chega a ser um perigo, agora se começar a ter oposição a ele, aí acho que é complicado... até porque às vezes ele emite opiniões que extrapolam o papel constitucional de membro da realeza”.
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Divorciado e coroado?
Na Inglaterra o soberano (a), além de líder da família, também é chefe da igreja anglicana, culto no qual divorciados que têm seus ex-cônjuges vivos não podem se casar novamente.
Como Charles têm um divórcio no currículo, em 2005, quando ele decidiu casar-se com Camilla, foi realizada uma reunião com o arcebispo da Cantuária, líder da igreja, inferior hierarquicamente apenas da Rainha, para lidar com as futuras implicações da união, visando que ele têm como destino liderar uma igreja que não apoiava sua decisão.
Segundo Marco, os líderes religiosos reuniram-se e chegaram a conclusão que não seria um problema, “foi dado um amém para esta união, mas eles não poderiam se casar na igreja de novo, tanto que ele foi o primeiro membro da realeza a se casar em um cartório civil público, onde qualquer pessoa pode ir e selar o matrimônio”.
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Sabendo disso, para Astrid, o aspecto religioso é um dos motivos pelos quais Charles deveria abdicar. “Eles não se casaram pela igreja anglicana. Essa situação toda sugere o que? O oportunismo, ele como futuro chefe da igreja anglicana têm que se pautar pelos dogmas da igreja anglicana, e não encontrar uma brecha”.
Além disso, para a estudiosa de monarquias e fundadora do perfil @RoyaltyAndProtocol, a retirada de Charles representa o cumprimento de um promessa feita pelo Príncipe e a chance de mostrar ao mundo uma dinastia mais vívida e moderna.
“Quando ele quis casar com a Camilla, a opinião pública era muito refratária e ainda apegada a memória de Diana, então foi feito um acordo, não sei dizer se foi de lei ou só moral, mas ele sendo coroado, a Camila não seria coroada Rainha consorte”, disse ela.
“Entretanto, no sistema Real inglês, não existe essa condição de casamentos desiguais, eu analiso isso como tendo sido uma solução pontual, e agora passado muitos anos, não me parece que ele tenha vontade de cumprir isso, o que é horrível porque voltar atrás nessa decisão é desvalorizar a monarquia e a realeza, é se passar por oportunista”.
Charles, deve ou não ser Rei?
Após serem questionados se Charles deveria renunciar ao trono, os estudiosos expõem opiniões contrastadas. Para Marco, apesar de não ser mais popular que o filho, William, o monarca deve assumir pois é seu direito e porque têm muito a agregar.
“Ele está esperando muito para ser rei, então acho que quando ele chegar lá, ele vai dar tudo si. Acredito que ele tenha consciência de que o reinado, talvez, seja transitório, mas ele vai querer assumir e não vai deixar escapar a chance de deixar a marca dele registrada, que é a luta pelo meio ambiente e pela sustentabilidade”, disserta Marco.
Enquanto isso, Astrid têm outra visão sobre o assunto: “Torço para que ele renuncie, porque acho que o William e a Kate darão um gás muito necessário para a monarquia inglesa, mas acho a abdicação improvável, porém possível e necessária”.
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Apesar de a possível ascenção ou abdicação de Charles dividir opiniões atuamente, os eventos ainda prometem demorar para acontecer. Os estudiosos acreditam que assim como sua mãe, que viveu até os 101 anos, a Rainha Elizabeth II, que está com 93, deve ter mais alguns anos de reinado pela frente. Nesse meio tempo, existe a possibilidade de o nobre renunciar ao seu dever por vontade própria ou até mesmo morrer antes de poder cumprir seu papel, o que , de uma forma ou de outra, traz o Príncipe William para a frente da equação. No fim, o que resta é esperar a história acontecer para ser escrita.