O cantor Zé Ramalho anunciou através de sua editora, Avôhai Music, que não participará do novo disco de Sérgio Reis, que convocou atos antidemocráticos em defesa do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) . Em 2019, o cantor havia gravado como convidado de Reis a canção "Admirável gado novo", que seria incluída no novo projeto. Segundo a nota veículada hoje, "a gravação perdeu o sentido e tanto o compositor quanto sua editora não autorizarão a utilização da obra". A editora e o cantor solicitaram ao escritório de Reis que não "utilize o fonograma de forma alguma", tanto em meios radiofônicos quanto eletrônicos.
Zé Ramalho não foi o único a abandonar o projeto. Depois de Gutemberg Guarabyra, famoso pela dupla com o cantor e compositor Luiz Carlos Sá, anunciar que não participará mais do álbum, os cantores Maria Rita e Guilherme Arantes comunicaram ao GLOBO que também deixaram o álbum .
A decisão dos artistas acontece diante da divulgação de um áudio em que Sergio, em defesa do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), convoca uma paralisação de caminhoneiros e produtores de soja, em setembro, até que o Senado afastasse os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) de seus cargos. "No dia 7 de setembro nós não vamos fazer nenhuma manifestação pela data, para não atrapalhar o presidente. Mas vamos parar em volta de Brasília", contou Sergio Reis no áudio, avisando que encontraria o presidente do Senado (Rodrigo Pacheco), ao lado de líderes dos sindicatos de caminhoneiros e produtores de soja, no dia 8 de setembro, para entregar uma intimação: "Eles vão receber um documento dizendo assim: 'Vocês têm 72 horas para aprovar o voto impresso e para tirar todos os minitros do Supremo Tribunal Federal'. Não é um pedido, é uma ordem. Se não cumprirem em 72 horas, nós vamos parar o país".
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O caso é alvo de operação da Polícia Federal, que cumpre mandados de busca e apreensão expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar o cantor Sergio Reis e o deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ). Os mandados foram autorizados pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, e atendem a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), que apura manifestações contra as instituições e a democracia. De acordo com o site G1, são 29 mandados ao todo.
Agentes da Polícia Federal foram ao menos a quatro endereços no Rio e em Brasília ligados ao cantor, na casa e no gabinete do deputado. "O objetivo das medidas é apurar o eventual cometimento do crime de incitar a população, através das redes sociais, a praticar atos violentos e ameaçadores contra a Democracia, o Estado de Direito e suas Instituições, bem como contra os membros dos Poderes", afirmou a PF, em nota.