Kate, interpretada por Clara Moneke, começou como uma personagem secundária em "Vai Na Fé", mas, logo, ganhou destaque. O jeito sincero e engraçado da jovem, que mora na periferia, mas que faz de tudo para ter uma boa vida, ganhou os telespectadores. A atriz teve a vida transformada com sucesso da personagem na novela da Globo, no entanto, confessa que sente falta de artistas negros como ela na TV.
Clara Moneke, atriz de 23 anos, tinha uma carreira voltada ao teatro desde os 7, até estrear nas telinhas como Kate, em "Vai Na Fé", este ano. A carioca, filha de uma brasileira e um nigeriano, conta que não esperava ganhar tanto carinho do público: "Eu sabia que as pessoas iriam gostar dela [Kate], eu sabia que teria alguma identificação. Mas não tão grande e tão rápido quanto foi, em menos de um mês de novela. Isso me deixou muito feliz, mas também espantada".
A artista ainda pontua que ficou surpresa com o carinho dos telespectadores com Kate porque a personagem tem atitudes duvidosas. Na novela, a jovem, que foi amante de Theo (Emílio Dantas), começou a namorar justo o filho dele, Rafa (Caio Manhete). "Eu acho muito louco como as pessoas, apesar de todos os defeitos dela, ainda a amam", confessa a artista ao iG Gente.
Moneke detalha como está encarando o sucesso. Ela conta que foi algo tão grande que começou a ser parada na rua, coisa que nunca tinha vivido. "Está sendo bem diferente [de trabalhar com teatro], porque eu estou recebendo, realmente, muito assédio das pessoas na rua. Eu adoro porque eu gosto de conversar com as pessoas e eu acho que é um termômetro do nosso trabalho. Mas, obviamente, acontecem situações que às vezes você está correndo, está atrasado e não consegue e conversar tanto e dar atenção que gostaria, mas eu sempre tento parar para tirar uma foto", declara a atriz.
Elogiada por Taís Araújo
Além de receber carinho do público, Moneke foi exaltada por Taís Araújo, nas redes sociais. "Já falei aqui que esse elenco de ‘Vai Na Fé’ está arrasando e que estou muito feliz de poder ligar a TV e ver tanta gente linda, diversa e talentosa, né? Então, quero começar a semana com ela que me diverte muito!! Simm, tô falando da minha, da sua, da nossa Kate!", escreveu a atriz veterana no Twitter.
"Ela me enalteceu publicamente, me colocou num local de uma posição de destaque e me enalteceu como pessoa e como artista. Então, eu senti que estava sendo vista, que as coisas estão acontecendo", expressa Moneke sobre o comentário de Taís Araújo.
A intérprete de Kate pontua como a publicação de Tais é importante em um cenário onde o racismo inviabiliza o crescimento de artistas negros: "Por muitas das vezes, nossos corpos no audiovisual, no geral, eram corpos invisíveis, que estavam ali só representando algo. Representando uma empregada, representando uma governanta, representando um escravo ou representando uma catadora de lixo. Sem ser visto, sem nosso valor ser agregado a representação de algo".
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Moneke afirma que elogios são uma demonstração da "união da comunidade preta" e que vê esse apoio no elenco da novela, já que "Vai Na Fé" conta com diversos atores negros.
Falta de oportunidade e relação com elenco
No entanto, após reconhecer a representatividade do elenco da produção, Moneke ainda opina sobre o que é preciso fazer para incluir, de fato, artistas negros nas produções audiovisuais. "Eu acho que o que falta é oportunidade. A oportunidade de mostrar um novo. As produções e as direções de elenco enxergarem o valor de nós artistas pretos, indígenas, gays e orientais, que não são tão vistos no audiovisual, para que o novo comece a fazer parte da mudança".
A atriz diz que, ao ver um elenco majoritariamente negro de "Vai Na Fé", se alegra e acaba criando laços, com facilidade. Ela cita a relação que tem com Sheron Menezes, Bella Campos, Elisa Lucinda e Carla Cristina, que fazem parte do núcleo dela, interpretando Sol, Jennifer (melhor amiga de Kate), Marlene e Bruna (mãe de Kate), respectivamente.
"A gente está ali com o núcleo majoritariamente negro e feminino. Então, isso é muito importante porque em algum lugar a gente sempre tem uma coincidência e algo que a gente se parece. A gente se enxerga uma na outra, então, é um clima muito de família, como se a gente se conhecesse muito. E, realmente, é como se eu fosse melhor amiga de infância da Bella e a Carla a minha mãe", diz.
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