Dan Stulbach como Ibraim em 'Pantanal'
Reprodução/Globo - 16.08.2022
Dan Stulbach como Ibraim em 'Pantanal'


Um novo personagem surgiu em “Pantanal” para tumultuar a vida dos cidadãos da novela. Dan Stulbach dá vida a Ibraim, um político de ficção, mas nem tanto... Afinal, as atitudes inescrupulosas do deputado federal podem facilmente ser vistas por aí, na vida real. O ator, de 52 anos, tem se divertido com toda a repercussão que o folhetim das nove da Globo está causando. Ele conta que até o cafezinho que toma na rua anda diferente.

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— No meu primeiro dia de novela, fiz uma cena no barco chegando, joguei meu espetinho de frango na água... No dia seguinte, fui andar na rua e já mudou tudo com a galera. Vou na mesma padaria quase todo dia, mas, depois que estreei com Ibraim, tudo mudou. Menos café, o suco mais amargo (risos)...


Não é a primeira vez que Stulbach provoca comoção por onde passa. Ele já participou de outros trabalhos de sucesso como “Senhora do destino” (2004), “A força do querer” (2017) e ficou por anos marcado como “o cara da raquete”, que batia na mulher, depois de “Mulheres apaixonadas” (2003). Mas, desta vez, na casa do artista, rolou até uma preocupação. Os filhos — Anita, de 11 anos, e Davi, de 9 — tiveram receio de como ficaria a imagem pública do pai como o desonesto político.

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— Eles estão vendo “Pantanal” e estão surpresos porque nunca me viram tão sério, tão mau (risos). Minha filha perguntou: “Pai, as pessoas sabem que você não é assim?”. Ela ficou preocupada! — destaca ele, emendando: — O público mistura a imagem do personagem com a do ator, pensando que eu posso ser assim. Mas já fiz tantos papéis... Isso faz parte do meu trabalho, não tenho medo, não.

Apesar disso, o ator admite que vem numa leva de diversos “pilantras”, como ele classifica, já que ele também está no ar em “Filhas de Eva” e, antes disso, seu último papel foi em “O sétimo guardião, em que, pasmem, também era um prefeito que se mostrou corrupto, o Eurico.

— São pilantras por coincidência! Tô totalmente mau na TV brasileira hoje em dia (risos)! — diz o ator, que compara Ibraim ao último político que encarnou: — Esse é mais atual. Se você pegar um voo e for para Brasília, não vai nem sair do aeroporto e já vai encontrar vários como ele.

Na trama, Ibraim acredita que a notícia da gravidez da filha Érica (Marcela Fetter) afetaria sua imagem diante de seus eleitores e pede para ela abortar. Mas ele muda de ideia ao conhecer a família Leôncio, imaginando que pode tirar proveito do casamento da filha com José Lucas (Irandhir Santos).

— Ele não sente culpa. Pensa: “Vamos tirar esse bebê e está tudo bem’’. Ele não mede os meios para chegar nos fins que ele acha certo. A princípio, vai para o Pantanal porque ela se recusa a tirar o bebê. Mas acaba encontrando uma família totalmente diferente do que imaginava. E muda de opinião também sem culpa alguma — resume Stulbach, que, entretanto, fez o personagem com diversas camadas: — Ele tem amor pela filha e ela o ama do jeito que ele é. Apesar disso, ele a vê como vê todo mundo, acha que as pessoas têm que servir aos seus propósitos. Ele é contraditório como todos nós somos.

Embora contraditório, o personagem toca em diversos temas quentes e profere opiniões bem diferentes das do próprio Stulbach.

— Eu não posso fazer esse trabalho considerando a minha opinião sobre ele, com minhas críticas a esse tipo de figura. O público que vai desenhar sua opinião. Mas foi difícil falar absurdos com naturalidade. Em relação ao Pantanal, ao meio ambiente... Ibraim fala que a mídia só mostra incêndio e é exatamente o contrário do que acho. Eu não votaria no Ibraim nunca! — diz ele, que acrescenta: — Apesar de a novela não ser panfletária, num ano de eleição, está tudo dito sem precisar dizer. Está evidente o quanto é importante cuidarmos do meio ambiente.

O ator conta que, nas ruas, vê as atitudes do personagem chocarem as pessoas, mas questiona.

— Acho que os telespectadores se incomodam mais com a ficção do que com a vida real. Elas ficam mais bravas com o Tenório (Murilo Benício) do que com algum Tenório que elas conheçam por aí, com Ibraim do que com um político que elas até pensam em votar de novo — provoca o artista que já vê torcida para seu figurão se dar mal na trama: — A cobrança está grande. Esse é um lugar que a ficção ocupa bem. A gente quer que a vida seja mais justa na novela e que, pelo menos lá, as pessoas sejam punidas.

Stulbach gravou por oito dias no Pantanal, que, segundo ele, pareceram dois meses. Há 16 anos tocando o “Hora do expediente” junto com José Godoy e Luiz Gustavo Medina, na rádio CBN, de segunda a sexta, às 8h50, ele botou até os atores para participar do programa.

— Tinha um lugar na fazenda do Pantanal de um metro quadrado. Pegava o wi-fi e dava para fazer. Eu ficava sem me mexer para gravar. Botei a Bel (Isabel Teixeira), Marquinhos (Marcos Palmeira), José Loreto...

Enquanto em “Pantanal” a redenção que se espera para Ibraim não deve chegar, seu personagem em “Filhas de Eva” vai se transformando. Na série, Kleber é um homem privilegiado, que acha que pode trair e fazer o que quiser. Para o ator, o sucesso no Globoplay antes da estreia na TV aberta mostra que as pessoas querem discutir o tema.

— Tem coisas que nunca foram uma questão para mim, mas acho questão para a minha época. Adoro cuidar das crianças, fazer comida. Lá em casa, nos dividimos em tudo. Mas o homem da minha geração foi preparado para ser o provedor e muitos se apegam a esse lugar de privilégio. O meu pai era assim, um homem símbolo de sua idade. Não entrava na cozinha. Já eu quis ser diferente — reflete ele, que é adepto da terapia: — Como ator, se você não souber quem você é, você se acha um fracasso numa hora e um sucesso em outra. Num dia te odeiam e no outro te amam.

+ O "AUÊ" é o programa de entretenimento do iG Gente. Com apresentação de Kadu Brandão e comentários da equipe de redação, o programa vai ao ar toda sexta-feira, às 12h, no YouTube, com retransmissão nas redes sociais do portal.



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