No ar na novela "Além da Ilusão", da Globo, Carol Romano fez a estreia no mundo da televisão como a vilã cômica Mariana, que atormenta a vida das personagens Isadora (Larissa Manoela) e Armina (Caroline Dallarosa) na obra de Alessandra Poggi. Para ela, a personagem não é apenas uma vilã e tem um drama próprio na novela.
A atriz, em entrevista ao iG Gente, explica que ao longo da novela e até nos capítulos finais, é possível ver o drama de Mariana que, apesar de cenas cômicas, não é uma personagem cômica. "Ela tem uma história de vida que não foi fácil e isso fica mais claro ao longo da trama. É uma coisa sutil, ela tem o ar de comédia, mas dramático, eu vejo que ela é engraçada no próprio drama, na vilania e na crueldade dela, sendo um pouco inocente", pontua.
Carol pensa que Mariana não é má e sofre com os próprios atos vilanescos, além de ser uma pessoa muito solitária. "Ela é muito nova e órfã. Não tem a figura do pai e da mãe, né? Ela tem meio que se virar sozinha, ela vem de uma classe social menos favorecida e tudo isso está explícito na forma como ela age", afirma.
Ao pontuar os motivos para que Mariana tenha uma história tragicômica e importante para a obra das 18h, Carol lista que a carência é o mais claro na personagem. "Ela tem necessidade de ser amada, uma insegurança muito grande e vai se descobrindo, na radionovela, mas desde a LBA ela tem a imponência que tem por trás essa insegurança", conta, relembrando a Legião Brasileira de Assistência, do começo da novela.
Carol, que recentemente contou que se inspirou na personagem Dolores Umbridge, de Harry Potter, para compor Mariana, diz que hoje ela está longe de ser a vilã da obra de J.K. Rowling.
"Eu fui descobrindo a Mariana com o decorrer da obra, a história da personagem foi de desdobrando aos poucos e eu fui construindo ela, para não colocá-la numa caixinha. A minha principal referência foi a Dolores Umbridge, mas no momento inicial da novela. Ela foi perdendo esse arquétipo de ditadora. Eu não me prendi a isso, a Mariana tem vida própria", comenta.
Carol sente que fez um bom trabalho, apesar de o desafio de gravar sem uma cronologia linear. Ela, que veio do improviso, comenta que conseguiu ser flexível para "saber construir essas faces dela e não ficar algo fixo".
Prestes a terminar as gravações da novela, Carol conta que está se despedindo aos poucos, gravando apenas cenas com muitos personagens. Ela conta que com o final, está ficando doente e rouca. Para ela, é algo psicológico.
"Só fiquei assim agora que acabou a novela, acho que é psicológico. Durante a novela inteira não perdi a voz, mas dizem que quando a novela acaba, as pessoas ficam doentes, é muito doido, a gente não dorme direito, fica doente e dá uma segurada, a doença espera acabar e vem tudo de uma vez", afirma, brincando.
"Foi genial ter a radionovela"
Na novela, Mariana brilhou nas cenas na rádio "Alô Alô Campos". Seja contando fofocas em um programa próprio ou interpretando a vilã Lilith Calderón, ao lado de Margot (Marisa Orth) e Júlia (Alexandra Richter) na radionovela da obra, Carol se sente feliz de estar no núcleo da rádio.
"Foi genial da parte da Alessandra colocar a radionovela, ainda mais a Mariana trabalhando uma caricatura de algo que vem dela, já que ela sente prazer na vilania, ela se divertiu muito fazendo a Lilith", conta. Para Carol, por mais que a personagem da radionovela seja uma assassina de maridos, Lilith é "empoderadora, apesar de ser um crime, foi super empoderador para a Mariana fazer aquilo".
Ela, que é mais jovem que Marisa Orth e Alexandra Richter, comenta que foi "hilário gravar" as cenas da rádio com as atrizes, interpretando a mãe delas na radionovela. "Para mim foi o ponto mais importante para dar o tom de comédia, ela é mãe de mulheres mais velhas do que ela, então essa trama por si só já dá a graça toda", indica. Para ela, foi "jogada de mestre" colocar as atrizes como as filhas dela no núcleo.
Outro momento que deu destaque para Carol foi a risada maléfica que ela criou para Lilith Calderón na radionovela. A risada, estridente e aguda, deu trabalho para a atriz e até necessitou de acompanhamento de fonoaudiólogo.
"Eu me inspirei nas bruxas clássicas para a risada, foi um processo para encontrar a risada porque não é fácil de fazer, exige esforço respiratório, é na garganta, tinha que economizar minha voz, só fazia para valer na hora de gravar, é difícil de executar e sinto que a graça é essa", celebra.
Mas apesar da dificuldade de criar a risada de Lilith, Carol pontua que o mais complicado nas gravações da rádio era deixar de rir nas gravações. "Enquanto eu fazia e via as duas em cena era muito difícil não rir em vários momentos na verdade", diz. Ela até relembra uma cena que fez ao lado de Carol Dallarosa na rádio.
"Fiz uma cena com a Carol com sorvete e ela jogou sorvete e caiu no refletor, a gente começou a rir no meio da cena e tivemos que parar. Porque eu e a Carol, como a gente já tem uma intimidade, é muito engraçado ver as duas brigando sempre", conta.
Amizade com Carol
Na produção, Carol Romano ficou amiga da intérprete de Arminda, também Carol, mas Dallarosa. A atriz elogia a amizade que cresceu com o decorrer da novela. "Tive muita sorte, nós todos viramos muito amigos e a Carol me acolheu muito, nos acolhemos muito no processo, no início eu só contracenava com ela e a Alê [Richter]", conta.
Até as brigas entre Arminda e Mariana, para Carol, são mais fluidas graças a amizade entre as atrizes. "A gente já tem uma sintonia natural que a gente acaba levando para cena. Então penso que é uma coisa que a gente construiu muito juntos, ela caminhou muito com a nossa relação pessoal, né? Das 'Carois'", brinca.
Ela até avalia a amizade 'torta' entre as personagens e elogia o amor diferente delas. "A Mariana e a Arminda foram se apegando uma a outra, são inimigas, mas se amam. Fica claro que tem a implicância, mas um certo carinho também, sem a parceria de fora a gente não conseguiria colocar isso em cena", afirma.