Um problema judicial quase impediu “O Sétimo Guardião” de entrar no ar e acabou adiando a novela de Aguinaldo Silva , que deveria ter estreado antes de “Segundo Sol”. Na ocasião, um dos alunos da Masterclass de roteiro que o autor oferece entrou na justiça pedindo os direitos sobre a obra, que teve a sinopse produzida com a ajuda dos participantes das aulas.
Para evitar maiores problemas, alguns alunos foram creditados na abertura do folhetim que completa duas semanas no ar. Foi bom, por que pelo que “ O Sétimo Guardião ” apresentou até agora, parece mesmo uma novela feita por estudantes e amadores.
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Um recurso muito usado em novelas, mas que deveria ser abandonado, é o do personagem falando sozinho. Não que falar consigo mesmo seja um problema, mas é que a técnica é usada para explicar ações ou pensamentos de personagens, se tornando um recurso preguiçoso no roteiro se não usado com moderação.
Mas, a novela de Aguinaldo Silva leva esse recurso além e os personagens aparecem pensando em voz alta. De novo, a técnica não é nova nem “errada”, mas tem sido tão utilizada nessas semanas, que parece estranho ter tantos nomes no elenco quando eles não têm oportunidade de dialogar, exprimindo suas convicções em cenas contemplativas.
A principal vítima dessa técnica até agora é Gabriel (Bruno Gagliasso) que passa a maior parte do tempo pensando ao invés de agir. Ele já foi mostrado contemplando seu amor por Luz (Marina Ruy Barbosa) enquanto se preparava para deixar Serro Azul. Enquanto seus belos olhos são mostrados em close, ele pensa: “Eu acho que eu estou me apaixonando pro uma moça que tem poderes que eu não tenho ideia quais são”.
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Mas ele também fala sozinho sim, e teve o seguinte diálogo (sem respostas) em cena anterior a citada acima: “Um gato que tem poderes? Não é possível! Será que é você que está me prendendo aqui? Você está sempre onde eu estou. Está sempre me vigiando. Ou será que você está me protegendo?”.
O problema, porém, é que, além de falas que parecem ter saído da boca de pré-adolescentes criativos, quando há, de fato, um diálogo, ele parece saído de uma novela dos anos 1950. Nos próximos dias Luz, que até outro dia nunca tinha beijando na boca, vai decidir perder a virgindade com Gabriel. Em um arroubo de desejo, ela entra no quarto do rapaz e pede que ele “lhe tome nos braços e lhe faça sua”. Quem ainda diz coisas desse tipo em pleno 2018?
Mesmo com toda essa fachada de “realismo mágico”, o que o folhetim apresentou até agora foi uma trama bem clássica: mocinha e mocinho que se apaixonam ao primeiro olhar e tem seu amor interrompido por uma série de empecilhos, incluindo um jovem apaixonado pela mocinha que, por sua vez, tem uma menina apaixonada por ele.
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Até agora, nada em “ O Sétimo Guardião ” parece diferente, apesar o novelão clássico, cansativo e manjado, no qual os alunos de Aguinaldo aparentemente se inspiraram.