Classificada por detratores virulentos como Globo comunista, e por outros tantos como golpista, a emissora carioca se distingue pela responsabilidade com que se comporta na cobertura da corrida eleitoral. Foi assim desde o episódio polêmico envolvendo um debate entre os presidenciáveis Fernando Collor de Mello e Luiz Inácio Lula da Silva em 1989.
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A pecha de Globo comunista está em voga justamente porque o País atravessa uma onda conservadora, mas a emissora já foi rotulada como elitista e principal face do “Eles” no discurso encampado por alas da esquerda no País. O fato de ser bucha no canhão de direita e esquerda demonstra mais do que o tamanho da emissora fundada por Roberto Marinho em 1965, seu compromisso com os valores democráticos.
Ainda que se esforce em prol da isenção partidária, e seu departamento de jornalismo está sempre vigilante nesse sentido, a Globo não se exime de outra responsabilidade social patente a uma empresa dessa envergadura e com a referida capacidade de penetração. A conscientização plena e constante da sociedade é um norte na programação da emissora.
Chama a atenção de quem cobre TV a pluralidade com que essa preocupação tem se manifestado. Do “Mais Você” ao “Brasil que eu Quero”, quadro veiculado entre março e setembro em todos os jornalísticos da casa, passando por “Como Será”, “Encontro com Fátima Bernardes”, “Lazinho com Você”, “Mister Brau” e “Amor & Sexo”.
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Liberdade criativa
Não é de hoje que a crônica que cobre TV no Brasil destaca a liberdade que a Globo tem dispensado a seus criadores, algo que era notavelmente mais restrito antes dos anos 2000. Um produto como “Tá No Ar”, por exemplo, seria impensável nos anos 90, era em que o “Casseta & Planeta” reinava na emissora, mas era proibido de fazer chacota de emissoras rivais.
Essa liberdade, aliada ao desejo de fidelizar a segunda tela, pode estar por trás da contratação do “Choque de Cultura” para as tardes de domingo. O grupo faz um humor crítico e, tal qual o “Tá no Ar”, já deu pistas de que não se furtará a pincelar um ou outro fato da crônica política nacional – como o recente incêndio no Museu Nacional.
Entender a sexualidade como uma pauta da esquerda é entender que o programa “Amor & Sexo” se ajusta a demandas de representatividade que a TV aberta tradicionalmente se omitia. Em sua 10ª temporada, o programa defende uma agenda inclusiva e prega representatividade e conscientização. A nova temporada estreou com índices baixíssimos de audiência, que podem ser creditados tanto a longevidade como à guinada conservadora que vive o País. Mais representativo, no entanto, é o fato do programa permanecer na grade da emissora com um viés tão progressista.
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Globo comunista ? Desonestidade e distorção que dizem mais sobre o momento de incompreensão e inflamação que vive o Brasil do que sobre o canal propriamente dito. Ao adotar pautas progressistas e incumbir-se de metas pedagógicas assumindo sua capacidade de formulação do debate e conscientização social, a Globo contribui para um Brasil mais igual, justo e igualitário.