Novelas, nem sempre, são feitas apenas como entretenimento e dialogam com o que acontece pelo país – ou, em outros casos, suas histórias ganham status de debate no âmbito público pela repercussão que tiveram. Diversas vezes a dramaturgia pautou o interesse da população com polêmicas e chegaram a se misturar com a realidade – como foi o caso de “Irmãos Coragem”, onde um personagem de esquerda recebeu votos nas eleições da vida real, ou “Laços de Família”, em que o Ministério Público de Justiça precisou interferir e intervir pela retirada de atores. Relembre dez novelas que causaram polêmicas quando foram exibidas na televisão.
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“Irmãos Coragem” (1970)
Em pleno governo militar, “Irmãos Coragem ” falava da luta de três irmãos no interior de Goiás. João ganhava a vida como garimpeiro e, após sofrer nas mãos de um coronel que o rouba, ele se torna um bandido. Jerônimo, na tentativa de buscar vingança junto com seu irmão, entra para um partido de esquerda – e, curiosamente, no mesmo ano, houve eleição no mundo real. Jerônimo Coragem, mesmo sendo fictício, recebeu um número expressivos de votos por todo o país naquele ano, levantando uma das polêmicas acerca da novela.
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“Escalada” (1975)
“Escalada” é vista, ainda hoje, como uma das novelas mais importantes da história, mas foi marcada, especialmente, pela questão que, na época, era uma grande polêmica. O divórcio entre os casais principais da trama foi um dos focos que carregavam a trama, pois a frustração afetiva de Antônio Dias, interpretado por Tarcísio Meira, em ter se casado com a mulher, pede divórcio anos depois para tentar viver outro amor.
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“Roque Santeiro” (1975)
Um dos maiores sucessos até hoje da Globo, “Roque Santeiro” virou assunto sem nem ter sido exibida de fato da televisão – a novela caiu no crivo da censura do governo militar que controlava o país e acabou sendo colocada na gaveta, mesmo com episódios já gravados e prontos para irem ao ar. O fato que levou a sua proibição foi uma escuta telefônica em que o autor, Dias Gomes, afirmava que “Roque Santeiro” era apenas uma adaptação de outra obra também censurada, “O Berço do Herói”, feita para enganar os militares. Dez anos depois, em 1985, o projeto foi retomado, mas, dessa vez, com novo elenco.
“Roda de Fogo” (1986)
Pela primeira vez a corrupção foi abordada de forma tão visceral em uma novela: “Roda de Fogo” mostrava a história de Renato Villar, personagem de Tarcísio Meira, que mais parecia um mafioso do que um empresário. Envolvido em esquemas de lavagem de dinheiro e sendo alvo e um processo judicial, ele decide eliminar todos aqueles que o traíram no mundo corporativo e se torna o mandante de uma série de assassinatos em uma disputa incansável pelo poder.
“Vale Tudo” (1989)
“Vale Tudo”, desde que começou, foi polêmica por mostrar o lado sujo de alguns personagens que usam artimanhas para poder subir na vida. Odete Roitman, vivida por Beatriz Sefall, é uma vilã corrupta que arma esquemas para conseguir o que quer, mas sua morte, o famoso dilema de “quem matou Odete Roitman?”, foi a polêmica que fez a novela virar assunto em absolutamente todos os lugares. O mistério do assassinato da vilã virou motivo até de promoção, até que o assassino foi revelado no último episódio da novela. A comoção foi tamanha que nem os próprios atores tiveram acesso ao segredo até o momento da gravação.
“Barriga de Aluguel” (1990)
A história polêmica de “Barriga de Aluguel” movimentou a faixa das seis e foi sucesso de público por abordar uma questão tão delicada. Na trama Clara, vivida por Cláudia Abreu, cede seu corpo para gestar a criança de um casal infértil. Além de discutir a ética da questão, a novela, no final, levantou a questão judicial sobre quem ficaria com o bebê – e a autora Glória Perez teve a assessoria real de três juízes para chegar a uma solução que, na realidade, nunca chegou a ser mostrada na produção, pois a história termina antes da decisão judicial sobre a guarda.
“Torre de Babel” (1998)
“Torre de Babel” não foi bem aceita desde que começou a ser exibida e um dos pontos de maior polêmica foi o casal lésbico interpretado por Silvia Pfeifer e Christiane Torloni. Na tentativa de recuperar a audiência, Silvio de Abreu decidiu matar todos os personagens que incomodavam o público e, assim, pôs fim ao único de mulheres da trama.
“Laços de Família” (2000)
A novela de Manoel Carlos teve problemas com o Ministério da Justiça que, alegando que a trama tinha excesso de cenas com conotação sexual, violência doméstica e urbana, exigiu a retirada de todos os menores de idade da trama – incluindo figurantes. Além disso, foi requerido que “Laços de Família” passasse a ser exibida na faixa das 21h, pois o horário não era condizente com a temática pesada da trama.
“Senhora do Destino” (2004)
“Senhora do Destino” marcou uma época com sua história cheia de reviravoltas. O estopim da trama da novela foi um dos assuntos mais comentados da época: a maligna vilã Nazaré Tedesco, vivida por Renata Sorrah, logo no início, engana Maria do Carmo, personagem de Carolina Dieckmann na primeira fase da novela, e foge com seu bebê. A novela é, até hoje, lembrada pelos atos sujos de Nazaré, que se tornou um símbolo da maldade na teledramaturgia.
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“Verdades Secretas” (2015)
Não faltaram polêmicas em “Verdades Secretas”. A novela das 23h tinha assunto de sobra para o público que, a cada episódio, se chocava mais com a trama. As questões mais discutidas pelo folhetim foram a prostituição – a personagem de Camila Queiroz, Angel, em sua descoberta da vida de modelo acaba caindo nas garras da prostituição e levantou o debate sobre o problema que assola o meio – e o envolvimento com drogas. Grazi Massafera, como Larissa, mostrou outra faceta obscura dessa indústria da moda com uma atuação forte: o vício em drogas, algo relativamente recorrente entre modelos, que pode destruir completamente um ser humano.