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Personagem é catalisadora de uma das maiores reviravoltas da história de "Game of Thrones", que tem por hábito frustrar ou surpreender sua audiência. Como público reagiria a Dany matando os Stark e reinando enfim?

A despeito de toda a grita pontual a respeito do arco de Daenerys Targaryen (Emilia Clarke), que dizimou toda King´s Landing (Porto Real) quando as tropas de Cersei já haviam se rendido no penúltimo episódio da série, “Game of Thrones” impõe outra problemática para seu público. E se a mãe dos dragões ficar no trono de ferro? Como o público reagiria?

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Game of Thrones
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Sansa e Daenerys se estranharam ao longo da temporada: A ira prevalecerá aos impulsos por paz?

Historicamente “Game of Thrones” trabalha com a frustração de sua audiência propondo novos caminhos e ciclos. Foi assim com o Casamento Vermelho, com a morte de Jon Snow (Kit Harington), de Oberyn Martell (Pedro Pascal), entre outros momentos. A ideia de Daenerys enlouquecer e ser alçada ao posto de grande vilã da série não é nova e já vinha sendo cultivada desde a primeira temporada, mas causou frisson na base de fãs da personagem.

“The Bells” terminou com a Targaryen se configurando na “rainha das cinzas”, que ela tanto falou que gostaria de evitar, e nitidamente em campo oposto ao de Tyrion (Peter Dinklage), seu desprestigiado conselheiro e já ameaçado de morte por ela, e Jon Snow , o amante que ela enxerga como rival ao trono.

É razoável supor que o Norte se oponha a nova rainha. Para além da já conhecida resistência de Sansa (Sophie Turner) e Arya (Maise Williams), o genocídio cometido pela mãe dos dragões deve fazer com que a bússola moral de Jon aponte outra direção. O que nos leva à questão: como Daenerys enfrentaria essa “rebelião” do Norte?

Ainda que a assunção mais banal seja a de que Jon ou  Arya possam matar Dany e instaurar a paz em Westeros, essa é uma solução óbvia por demais e que atenta contra os designíos do desenvolvimento da narrativa.

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Daenerys Targaryen em cena de "The Bells", quinto episódio de Game of Thrones

Até pela interposição de forças, Daenerys tem vantagens sobre as tropas do Norte (alguém viu o que Drogon fez no último episódio?) e poderia extinguir os Starks para consagrar sua “misericórdia para com as gerações futuras”. Seria um final para lá de anticlimático e que colocaria esse público que torceu tanto tempo por Dany em um dilema emocional danado, já que ao fim da série veriam sua personagem favorita no trono de ferro, mas de um jeito aterrador.

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Esse possível final adensaria ainda mais o comentário da série sobre os ciclos de poder e suas ramificações práticas. “Game of Thrones” tem por hábito abordar a complexidade humana por ângulos inusitados e propor reflexões pesarosas e inquietantes e, nesta altura do campeonato, nada poderia ser mais desestabilizador, para aqueles personagens e para a audiência, do que esse desfecho.

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