Em homenagem a Glauber Rocha (1939-1981), que com pouco mais de 20 anos, lançou três obras que marcaram o cinema mundial - "Terra em Transe", "O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro" e "Deus e o Diabo na Terra do Sol" - o "Conversa com Bial" da última quinta-feira (19) convidou os filhos do cineasta Eryk e Paloma Rocha.
Durante a entrevista, a perseguição a Glauber pelo regime militar foi pautada. Seu exílio em Portugal e a acusação de que o cineasta teria se vendido à ditadura também não ficaram de fora. Após três anos longe do Brasil, Glauber elogiou o general Golbery do Couto e Silva, então secretário da Casa Civil e apertou a mão de João Figueiredo. Estes atos foram considerados como "traição" para pessoas que lutavam contra o regime da época.
Sobre isso, Paloma explicou. "Foi feito uma reunião em Paris com Jango, Francisco Julião e outras pessoas. Então decidiram quem seria a frente liberal do exército que iria abrir o Brasil. Quem é que vai se colocar à disposição de lá estender a mão? O Glauber. Então, ele se imola [desgasta] politicamente, ele sofre profundamente com isso”, contou Paloma, referindo-se ao sentimentos de seu pai.
Segundo a cineasta e atriz, esse fato fez com que Glauber Rocha ficasse "acuado no final da vida”. "O tão unido Cinema Novo fica todo contra ele, dizendo que ele se vendeu à ditadura", completou ela, durante participação no programa de Pedro Bial.