O Furacão Katrina atingiu Nova Orleans, em agosto de 2005, causando uma das destruições mais avassaladoras da história dos Estados Unidos. Milhares de famílias foram obrigadas a deixar as casas e cerca de 1800 pessoas morreram por conta da tempestade tropical e da inundação de 80% da cidade de Louisiana, a mais afetada do país.
“Five Days At Memorial”, nova série da Apple TV+, explora os desdobramentos desta tragédia a partir de um recorte específico: como um hospital da região inundada enfrentou cinco dias até ser totalmente evacuado, deixando 45 corpos para trás.
Vera Farmiga, protagonista da novidade chamada "Cinco Dias no Hospital Memorial" no Brasil, conta em entrevista ao iG Gente como foi a experiência de interpretar uma profissional da saúde que enfrentou dilemas éticos neste cenário. Conhecida por estrelar “Bates Motel” e “Invocação do Mal”, a atriz deu vida à Doutora Anna Pou, médica que atuou na linha de frente do “Memorial Medical Center” durante o Katrina e foi posteriormente investigada por acusações de eutanásia de pacientes.
“Minha prioridade era realmente usar meu coração e alma para entregar uma performance honesta e compassiva, para fazer o público se sentir como se estivesse no lugar da minha personagem”, afirma. Com uma forte entrega emocional tanto nas cenas no hospital quanto durante o julgamento, Vera explica que a “menor das preocupações com o papel” foi lidar com o aspecto mais técnico da profissão de Anna Pou.
Descrevendo o papel como uma experiência “carregada nas entrelinhas”, a atriz relata como se preparou para interpretar uma Doutora: “O jargão médico é uma mer** para sair da boca. Se você não está usando diariamente, não flui facilmente, eu mesma fico com a língua presa. Para este aspecto médico, algo muito útil que fiz no meu tempo livre foi assistir vídeos de médicos no YouTube, para colocar minha cabeça nesses detalhes técnicos”.
Pela série ser baseada em fatos reais retratados no livro de Sheri Fink, jornalista vencedora do Prêmio Pulitzer, os episódios transmitem com muita veracidade a atmosfera tensa da realidade do hospital. Em apenas cinco dias, os profissionais lidaram com o furacão impactando as estruturas do prédio, a queda da eletricidade após os alagamentos e dificuldades de atender os pacientes, tudo isso enquanto enfrentavam a exaustão sem dormir, o calor do verão norte-americano e o racionamento de comida e água.
Cherry Jones, conhecida por papéis recentes em “Succession” e “The Handmaid's Tale”, interpretou a diretora Susan Mulderick, responsável por dar as ordens em meio à crise aos outros médicos e enfermeiros no hospital. A atriz relata que “não conseguia compreender totalmente” a responsabilidade da profissional em uma situação como esta.
“Somos pagos para ter imaginação como atores, mas há limites. Esta personagem definitivamente bateu contra o teto da minha imaginação, com o que ela tinha que enfrentar, com cada decisão importante sendo sentida por ela”, pontua. A atriz cita que a cena favorita no papel foi quando a personagem teve a sagacidade de dar ordens e chamar membros da equipe com experiência em engenharia para checar se o heliponto estaria adequado para auxiliar na evacuação de pacientes.
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“Há um momento em que estou cercada pelos outros líderes do hospital e todos eles estão apenas apontando para a minha personagem muito habilmente em suas partes. As mãos deles estavam limpas, eles não precisavam se preocupar com as consequências [...] Mas [Susan] ter a capacidade de pensar no que temos, e o que é preciso fazer, faz com que eu tenha grande respeito pela minha personagem”, complementa.
Julie Ann Emery também enfrentou momentos de tensão como Diane Robichaux, em “Five Days At Memorial”, precisando tomar decisões rápidas diante da tragédia no hospital. No entanto, a personagem dela também tinha outro desafio: lidar com a gravidez. A atriz conhecida por “Better Call Saul” conta que “pesquisou muito” para “se aprofundar na gestação, no que uma mulher grávida estaria experimentando em oposição a uma pessoa não grávida”.
“Nós também éramos enchidos de água de três por departamentos diferentes da equipe, o que meio que ajudou a aumentar a viscosidade do suor do personagem e os elementos ao nosso redor. Matthew Davis, designer de produção, realmente nos levou para dentro do hospital de uma maneira tão bonita, então, ficou muito mais fácil para nós entrarmos no personagem”, garante Julie.
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Com uma exaustão nítida pela aparência suada e suja dos personagens, Robert Pine, intérprete do Doutor Horace Baltz, ainda credita o trabalho dos atores e equipe como responsáveis por passar essa sensação ao público. “Devemos ser atores ótimos, porque se pareceu que estávamos suados e com calor e foi terrível, não foi. Foram dias longos de trabalho, mas tivemos ótimos maquiadores que colocaram todo o suor em nós”, compartilha.
“Essa foi a parte fácil. Depois tivemos que atuar como se fosse apenas o fim do mundo. E se o público tem a sensação de que era o fim do mundo, então, fizemos nosso trabalho”, complementa o ator, reconhecido por estrelar a série "CHiPs" nos anos 1970 e 1980.
"Cinco Dias no Hospital Memorial" estreou na Apple TV+ com os três primeiros episódios e os próximos capítulos serão disponibilizados semanalmente, às sextas-feiras, até 16 de setembro.
+ O "AUÊ" é o programa de entretenimento do iG Gente. Com apresentação de Kadu Brandão e comentários da equipe de redação, o programa vai ao ar toda sexta-feira, às 12h, no YouTube, com retransmissão nas redes sociais do portal.