Ilustralu é autora do sucesso 'Arlindo'
Reprodução/Instagram - 08.08.2022
Ilustralu é autora do sucesso 'Arlindo'


Luiza de Souza, conhecida como Ilustralu nas redes sociais, acumulou muitos marcos para a carreira ao longo de 2022. Após interagir com o grande público na 26ª Bienal do Livro de São Paulo, a ilustradora também recebeu o prêmio de “Melhor Quadrinho” por “Arlindo” no “CCXP Awards”, evento dedicado a celebrar diversas vertentes da cultura pop. Em entrevista ao iG Gente, a quadrinista dedica o sucesso profissional à relação próxima criada com os leitores desde o início da criação da HQ premiada.

“A minha intenção com ‘Arlindo’ foi construir um espelho para que as pessoas pudessem se enxergar nas histórias. ‘Arlindo’, em especial, tem o fator de ser uma história sobre um lugar que não é comumente usado como cenário. Não me lembro de ter lido histórias que falam de adolescentes gays de cidades do interior”, afirma. Ilustralu nasceu em Currais Novos, no Seridó do Rio Grande do Norte - o mesmo local em que a história do livro é ambientada.


Antes de ter uma publicação tradicional em 2021 e alcançar uma legião de fãs, a HQ foi inicialmente publicada como webcomic ao longo de 2019. Luiza explica que o formato permitia que ela criasse a trama “em conjunto com as pessoas que estavam lendo”. “Era um processo de carinho mútuo, eu fazia para me sentir menos só e as pessoas que liam se sentiam menos sozinhas. Era uma coisa retroalimentada”, comenta.


Com um forte ímpeto de contar histórias desde a infância, a autora relata que o que a motivou a iniciar a escrita "Arlindo" foram os discursos de ódio fortalecidos com o resultado das eleições presidenciais da época. “Sei contar histórias, então comecei a fazer algumas tirinhas sobre um menininho que estava escutando o discurso de ódio do pai dele. Para que as pessoas pudessem, de alguma forma, perceber que tem gente escutando esses absurdos e às vezes é uma criança [...] Arlindo surgiu da vontade de ter alguma esperança”, pontua.

Além da conexão emocional com o personagem, a webcomic também foi vista por Ilustralu como um desafio em criar histórias maiores, já que ela estava acostumada a desenvolver projetos mais curtos como a série de histórias para o livro “Contos Rabiscados para Corações Maltrapilhos”, publicado em 2014. A escritora aumentou o desafio ao postar páginas de “Arlindo” semanalmente, compartilhando o processo inteiro com o público.


“A webcomic era feita no dia de postar, fazia a página e postava uma vez por semana pontualmente. Geralmente fazia a página no dia ou algumas horas antes de postar. E não tive um roteiro pré-programado. Tinha alguns pontos da história e eu ia caminhando de um ponto para o outro e isso fazia com que a história também fosse uma surpresa para mim. Porque eu acho que, se eu soubesse o final da história, não teria graça de fazer. Ir postando ajudava também no rumo que eu queria dar para a história”, avalia.

Diante dos diversos comentários que “Arlindo” reunia a cada nova atualização, Luiza garante que estava sempre atenta à repercussão entre os leitores e até alterava fatos da trama caso alguém adivinhasse o destino da história. “Lia todos os comentários em todas as páginas que eu postava, ficava 2 horas lendo tudo o que comentavam. Se tinha alguma coisa que eu queria que fosse surpresa e alguém adivinhasse, eu mudava. Queria controlar um pouco da surpresa dos leitores”, admite.


O forte engajamento dos fãs fez com que Ilustralu criasse uma campanha de financiamento coletivo focada em uma pré-venda para os “Arlinders”, como os admiradores da HQ se nomearam. A iniciativa se tornou a terceira maior campanha da plataforma “Catarse” em 2021, alcançando 100% da meta (cerca de R$ 85 mil) em menos de 24h.

“O sucesso do livro ter chegado aos cantos que está chegando se deve principalmente aos leitores [...] Existem vários jeitos de você publicar uma história. E ‘Arlindo’ foi uma coisa muito feita de coração para pessoas que receberam isso de coração. Queria que os leitores participassem muito ativamente da feitura desse livro, que só existe do jeito que ele existiu com capa dura porque os leitores queriam. O livro só tem essas cores lindas porque os leitores queriam. É uma coisa muito feita em conjunto”, analisa.

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Luiza ainda celebra como “Arlindo” segue tendo um impacto com novos leitores que entram em contato com a história e se conectam pela mensagem de amor da obra. “A coisa mais certa que eu fiz nesse quadrinho foi a dedicatória, que diz que é para a gente saber que não está sozinho mesmo quando a gente achou que estava. Porque sempre vai ter uma pessoa que passou pela mesma coisa, que sentiu coisas parecidas. Essa é a força da história”, completa.

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