Na última sexta-feira (29), o prédio da Ancine no Rio de Janeiro mudou a decoração, e tirou das paredes todos os cartazes de filmes nacionais , trocados de acordo com os lançamentos. De acordo com a Folha de S.Paulo , que divulgou a mudança, o motivo oficial é isonomia, já que o órgão recebe diversos pedidos de divulgação, então optou por não divulgar nenhum.
Nos bastidores, porém, acredita-se que seja uma forma de não divulgar filmes que critiquem o governo, ou feito por cineastas com posições contrárias à gestão atual. A Ancine nega que esse seja o caso, dizendo que a prioridade no momento é a área reguladora, e não a de fomento.
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Na classe artística, a informação não caiu bem e cineastas e atores iniciaram uma campanha nas redes sociais. O cineasta Kléber Mendonça Filho, que ganhou prêmio em Cannes este ano por “Bacurau”, fez uma postagem em inglês comentando o acontecido.
“O consenso é de que a destruição da indústria cinematográfica brasileira está em pleno gozo deste governo de extrema direita”, escreveu o diretor, junto com pôsteres de alguns de seus filmes, como “Aquarius” e “O Som ao Redor”.
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Com a hashtag “o cinema brasileiro em cartaz”, nomes como Lázaro Ramos, Camila Pitanga, Paolla Oliveira, Mauricio Destri, Cauã Reymond, Alinne Moraes, Nanda Costa, Patrícia Pillar, Emanuelle Araújo, Marco Pigossi, Roberta Rodrigues e Alice Wegmann são alguns dos inúmeros artistas que já se manifestaram.
Os artistas compartilharam inúmeros cartazes, desde clássicos como “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, até os mais recentes como “A Vida Invisível de Eurídice Gusmão”, que tem circulado pelos festivais do mundo.
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Além da decoração em sua sede, a Ancine também tirou do ar informações sobre lançamentos em seu site oficial. Antes havia um espaço com os cartazes dos novos filmes, que trazia informações como sinopse e ficha técnica. Agora, essa área também não existe mais.