É uma relação conjugal criativa e que desperta ciúmes nas respectivas relações conjugais. É assim que Raphael Montes define sua parceria com Ilana Casoy em papo descontraído com a reportagem por força do relançamento de “Bom Dia, Verônica”, livro policial lançado em 2016 sob o pseudônimo de Andrea Killmore, agora com a grife desses dois expoentes da literatura policial na capa.

Ilana Casoy e Raphael Montes
Leandro Pagliaro
Ilana Casoy e Raphael Montes estão em alta com livro, filmes e série da Netflix a caminho

Ilana Casoy conta que Andrea Killmore é fruto de um gosto pelo mistério, “mas que é preciso evitar que vire uma mentira”. Daí a opção por relevar durante a Bienal do Rio de Janeiro as verdadeiras faces por trás de Andrea.

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“Bom dia, Verônica” , que ganha uma continuação (“Boa Tarde, Verônica”) em 2020, vai virar série da Netflix, também roteirizada por Raphael e Ilana, e é apenas um dos muitos projetos que eles tocam em paralelo. Tudo começou com “Numa Família Feliz”, filme ainda inédito, que o roteirista e veterano na ficção convidou Ilana, uma criminologista de mão cheia, para colaborar. Dessa vontade “de escrever com alguém” que movia Raphael e Ilana não tinha consciência de “que seria tão bom” surgiu Andréa Killmore e aquela que é a parceria mais comentada até o momento: o roteiro do filme baseado no assassinato dos pais de Suzane Von Richthofen.

Dá para ver que esse projeto é mesmo o pico dessa “relação conjugal criativa”. Um completa a frase do outro e a empolgação de ambos é palpável do outro lado da linha telefônica. “Nesse a Ilana que foi convidada para fazer”, recorda Raphael. A relação dos dois está tão fluída e sólida que decidiram descartar 120 páginas de “Boa Tarde” sem nenhum aperto no coração.

Bom Dia, Verônica
Divulgação/Darkside

Capa do livro "Bom Dia, Verônica"

Ilana conta que a ideia de dividir o projeto em dois filmes não partiu deles, mas que “obedeceu uma lógica mercadológica que os beneficia enquanto roteiristas”. Ilana e Raphael decidiram abordar o material de uma maneira equilibrada e, desde o princípio, se decidiram por “contrapor as duas versões” e isso não se atinha apenas aos relatos de Suzane e dos irmãos Cravinhos. “O Rapha não tinha 12 anos quando o crime aconteceu e eu estava dentro do caso”, observa Ilana sobre os eventos ocorridos em 2002. “A junção disso nos fez ver a necessidade dessas duas visões”.

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Como o distribuidor veio com a ideia de dividir o filme, o processo de roteirização teve que ser reiniciado, mas os dois sempre trabalharam com o norte de opor os pontos de vista dos condenados pelo assassinato dos pais de Suzane.

O mergulho nos autos do processo foi intenso e calejou essa parceria entre um autor experimentado na ficção e uma criminologista que está curtindo essa fase ficcional, mas sem deixar suas raízes de lado.

 “Escrever um livro é uma experiência íntima e solitária”, observa Raphael. “E tá sendo legal criar essa terceira pessoa”, diz reinserindo Andrea Killmore na conversa. “A gente tá entendendo as esquisitices do outro”, emenda Ilana empolgada com os desafios dessa nova fase da carreira.

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Afinidade intelectual, química e muitos risos. Raphael Montes e Ilana Casoy estão curtindo, e não fazem questão de esconder, as perspectivas dessa “relação conjugal criativa” que ainda vai fazer barulho em 2020 com os filmes e com a série na Netflix.

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