" Coringa" ainda nem estreou, mas já provoca grande burburinho na mídia. O principal motivo são as fortes cenas que estariam “glorificando” a violência. Parte da crítica e da imprensa teme que a mensagem que o filme passa seja um estopim de possíveis ataques e surtos de violência.
A partir do dia 3 de outubro o público poderá conhecer verdadeiramente quem é o Coringa e toda sua trajetória como um palhaço e suas tentativas de se tornar um comediante de stand-up. O personagem de Joaquin Phoenix é instável, louco e até mesmo macabro com sua risada histérica em momentos inapropriados.
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Embora se trate de uma ficção, Coringa se assemelha bastante com a realidade. A solidão do comediante falido Arthur Fleck acrescentada aos seus problemas mentais o leva ao seu lado mais sombrio, como se tudo o que tivesse passado fosse uma justificativa para cometer crimes. E é exatamente por isso que setores da sociedade têm feito críticas ferozes ao que o filme pode instigar em pessoas solitárias e rejeitadas como o protagonista do filme.
Temendo pelo pior
Há alguns dias, os EUA enviou um memorando para as bases militares do país alertando para possíveis ataques provocados pelo filme. De acordo com a imprensa americana, autoridades interceptaram mensagens da "deep web" de homens identificados como "incels" (sigla para celibatários involuntários) incitando atentados parecidos com o que aconteceu em Aurora , no Colorado, em 2012 e deixou 12 pessoas mortas e 70 feridos.
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Esses “ incels ” são homens que não conseguem ter relações sexuais e por isso culpam mulheres e homens sexualmente ativos. Ainda segundo o memorando, esses homens “idolatram figuras violentas como o atirador de Aurora e o Coringa” e portanto todas as equipes de segurança dos EUA já estão preparadas para qualquer ocorrência assim que o longa começar a ser exibido.
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Revivendo a dor
Pensando nesse mal que o filme pode trazer, as vítimas do ataque em Aurora - local onde um atirador invadiu uma sessão de “Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge” - pedem responsabilidade por parte da Warner Bros. Em carta feita para a produtora, um dos pedidos dos familiares é que doem parte do lucro para grupos de prevenção e ajuda às vítimas de violência armada. O estúdio emitiu um comunicado em que diz que tem "um longo histórico de doações para vítimas de violência" e que "não há intenção em fazer deste personagem um herói".
Só de ver o cartaz de Coringa, esses familiares dizem reviver uma dor. "Eu não preciso ver uma foto do atirador, só preciso ver um cartaz promocional de Coringa para ver a foto do assassino", afirmou o pai de uma vítima.
Para evitar essa lembrança, o filme não será exibido no cinema onde tudo aconteceu. Grandes redes também não permitirão que o público entre com máscaras ou disfarçados de Coringa . “Quero que as pessoas se sintam confortáveis com o que as rodeia," disse o presidente da maior rede de cinemas dos EUA Landmark Theater.
Críticas não passam de uma mercadoria
Mesmo com esse turbilhão de críticas em cima do filme, o diretor Todd Phillips é categórico em defender "Coringa" com unhas e dentes. "Acho que toda essa indignação das pessoas é uma mercadoria e que está acontecendo há algum tempo”, disse. “O que me chama atenção é a facilidade com que a extrema esquerda tem de se parecer com a extrema direita quando o assunto os convém”, completou Phillips.
O diretor ainda comparou seu filme com o que chamou de “masculinidade tóxica” de "John Wick 3". “O que me intriga é sobre essa masculinidade tóxica branca. Todo mundo ri, torce e vibra com esse John Wick que é um homem branco que mata 300 pessoas. Por que esse filme é pautado em parâmetros diferentes? Honestamente não faz sentido para mim.", comentou.
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O ator Joaquin Phoenix também não acredita que "Coringa" deva ser alvo de tantas críticas negativas e que as pessoas precisam saber diferenciar o certo e errado. “Eu acho que, para a maior parte de nós, você é capaz de ver a diferença entre o certo e errado. E aqueles que não são, interpretam do jeito que elas quiserem”, disse. “Eu não acho que seja a responsabilidade
de um cineasta ensinar a moralidade ou a diferença de certo e errado para o público”, complementa Phoenix.