Era fim de tarde no Brasil no dia 25 de julho de 2009, uma quinta-feira, quando o TMZ noticiou que Michael Jackson havia sido levado para o hospital com uma parada cardíaca. O Twitter tinha apenas três anos e o Facebook cinco. O WhatsApp, hoje grande ferramenta de comunicação, estava nascendo.

Morte de Michael Jackson causou grande comoção na época e se tornou a morte mais comentada na mídia, acima do papa João Paulo II
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Morte de Michael Jackson causou grande comoção na época e se tornou a morte mais comentada na mídia, acima do papa João Paulo II

Aos 50 anos e prestes a embarcar em uma maratona de 50 shows em Londres, Michael Jackson sofreu uma overdose acidental de Propofol. Naquele dia o mundo perdia um dos maiores nomes da música e da cultura pop, e a imprensa e internet conheciam um fenômeno midiático jamais visto antes nos tempos de world wide web.

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“Eu não me lembro de uma morte que tivesse tanta repercussão mundial”, comenta Pablo Miyazawa, que na época era editor da Revista Rolling Stone e teve que, literalmente, parar as máquinas. “Às 16h alguém falou ‘aconteceu alguma coisa com o Michael Jackson’”, contou Pablo. Ainda assim, ele diz que levou certo tempo para a “ficha cair” de que o cantor havia morrido.

Com uma capa estampada por Ronaldo Fenômeno pronta para ir para a gráfica, a equipe começou uma “operação de guerra”, como Pablo define, para falar sobre o cantor. Foram 16 páginas dedicadas à carreira de Michael, além da equipe da revista se tornar referência no assunto: “A RS acabou sendo um ‘hub’ de interesse. Demos entrevista para todas as emissoras e uma, inclusive, foi até a redação para fazer link ao vivo. Saiu em toda parte”, comenta o jornalista.

A queda do Google

Michael Jackson
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Michael Jackson

A primeira reação das pessoas, tanto fãs quanto curiosos, foi de incredulidade. A saúde de Jackson podia não ser das melhores, mas não havia nenhum sinal que apontasse para um desastre, como algumas vezes era possível imaginar com outros astros que abusaram de drogas e álcool no passado.

Jonathan Crociatti, fã e autor de uma biografia sobre Michael, contou sua lembrança da notícia na televisão: “Quando eu liguei a televisão no ‘Jornal Nacional’ estava um inferno. Estavam com medo de dar a notícia e ser fake”, conta. Crociatti escreveu "Michael Jackson: 50 anos do Rei do Pop", e serviu, por certo tempo, como ponte entre a assessoria de imprensa do cantor nos EUA com os veículos brasileiros. 

O mineiro Ricardo Walker tem apenas 25 anos, ou seja, estava na adolescência quando MJ morreu, mas ainda assim foi impactado pela notícia. Fã do músico desde a infância por conta do irmão mais velho, Walker acabou se tornando um de seus covers mais conhecidos no Brasil.

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“Infelizmente é um dia que jamais vou esquecer. Óbvio que minha primeira reação foi desacreditar e correr para o computador para mais notícias sobre, mas quando eu vi, até o Google estava fora do ar, assim como todas as comunidades em tributo ao Michael”.

Michael Jackson
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Michael Jackson

De fato, o impacto da notícia foi tão grande que a rede de buscas mais famosa do mundo chegou a sair do ar. O número de buscas pelo cantor foi tão alto que a o site entendeu se tratar de um vírus e suspendeu as buscas. Levou cerca de 50 minutos para que a pesquisa fosse restabelecida. No Twitter, foram cerca de 110 mil mensagens por hora, mais da metade do que a rede costumava ter. Sem o Instagram, que só seria lançado um ano depois, os famosos usaram justamente o Twitter para comentar a morte do cantor.

Você viu?

Na internet, a principal fonte se tornou o TMZ . O site criado por Harvey Levin já era popular na época, mas não tinha grande credibilidade. “Ainda havia esse consenso de ‘é o TMZ . Vamos esperar a The Associated Press ou o The New York Times confirmarem antes de dizermos que é verdade”, declarou na época o jornalista Jurt Andersen ao New York Times .

Essa crença, porém, mudou com a morte de MJ, e o TMZ se tornou referência no jornalismo de celebridades, especialmente se o assunto envolvia polícia e hospitais. Naquela quinta-feira, eles anunciaram a morte de Michael às 17h20 (hora local), enquanto a nota oficial da família indicava a morte às 17h26.

Antes tido como um tabloide menor e sensacionalista, foi com a ampla e intensa cobertura do caso que o TMZ ganhou projeção. Afinal, foi o site que pautou o jornalismo mundial, acompanhando o caso desde a chamada da ambulância na casa do cantor.

Comoção mundial

Michael Jackson
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Michael Jackson

“Quando você perde uma estrela guia fala ‘e agora, vou fazer o quê?’. Dentro de mim sempre tive ele como um amigo”, desabafa Jonathan. Muitas pessoas tiveram uma reação parecida e tentaram se apegar ao artista como podiam: alguns apostaram na teoria de que ele não morreu, outros ficaram com o ingresso para seu show da turnê “This is It”.

Programado para fazer 50 apresentações nos nove meses seguintes, os ingressos já estavam quase esgotados e, com o anúncio de sua morte, a empresa responsável ofereceu tanto reembolso, como o envio do ingresso para quem quisesse ter a lembrança, o que muitas pessoas fizeram.

Nas semanas que se seguiram, o cantor não saiu da mídia. As reportagens foram das mais variadas, desde possíveis aparições sobrenaturais de Jackson, até especulações sobre como ele morreu e seu estado de saúde antes disso.

De acordo com uma análise feita na época pela Global Language Monitor, a morte, sua repercussão e o funeral de Michael tiveram uma cobertura 18% maior do que a morte do Papa João Paulo II. Após 72 horas da tragédia, o assunto se tornou a nona notícia mais coberta em mídias jornalísticas, fossem elas impressas ou on-line.

Em 7 de julho, 12 dias depois de sua morte um memorial público aconteceu no Staples Center, estádio que serviu de palco para os ensaios de Michael para a turnê em Londres. A cerimônia, que incluiu mensagens emocionantes dos três filhos do cantor, foi assistida por mais de um bilhão de espectadores no mundo.

Perdas

Michael Jackson e Farrah Fawcett estamparam edição especial da Vanity Fair. Os dois artistas morreram no mesmo dia
Divulgação/Reprodução
Michael Jackson e Farrah Fawcett estamparam edição especial da Vanity Fair. Os dois artistas morreram no mesmo dia

Dia 25 de junho também marcou a morte da atriz Farrah Fawcett. Conhecida mundialmente por seu papel na série “As Panteras”, Farrah tinha câncer e sua morte foi anunciada horas antes de Michael. Ela faleceu dias após o lançamento de um documentário que mostrava sua batalha contra a doença. Na manhã do dia, era a atriz que ocupava o noticiário, mas depois da emergência de Michael, pouco se falou sobre Fawcett. Até hoje, poucos relacionam sua morte a esse dia.

Mesmo famosa, ela não tinha a projeção nem o status de ídolo de Jackson. O cantor era admirado por muitas pessoas e por motivos distintos. Dono de diversos recordes na música, ele tem álbuns entre os mais vendidos até hoje, 10 anos depois.

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Michael Jackson viveu uma vida peculiar, e teve uma morte peculiar. Não havia como a repercussão ser diferente de uma comoção mundial, a altura de seu estrelato.

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