Desde que estreou na Netflix no final de maio, a série "Olhos que Condenam" está dando o que falar. Nas últimas semanas a produção tido grande repercussão política nos Estados Unidos, ao recontar caso de 1989.
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A série conta o caso real, conhecido como The Central Park Five quando cinco adolescentes negros e latinos foram vítimas de uma acusação infundada de estupro no Central Park, nos EUA. " Olhos que Condenam " discute o acontecimento e os reflexos desta história nos garotos.
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Apesar do tema polêmico, é a figura de Linda Fairstein , uma das promotoras mais conhecidas dos EUA, e escritora policial, que está indignando muita gente. Na produção, ela é vista como vilã por ajudar a enviar erroneamente os cinco rapazes para a prisão, pois era quem dirigia a Divisão de Crimes Sexuais quando a vítima, Trisha Meili, foi estuprada.
O público se revoltou com a atitude da promotora, interpretada por Felicity Huffman na série, e se empenhou em petições on-line e nahashtag, #CancelLindaFairstein, pedindo boicote de seus livros e sua remoção de posições proeminentes em diversas associações. A iniciativa fez Linda Fairstein deletar sua conta do Twitter e se demitir da bancada da Universidade Vassar e da bancada da organização Safe Horizon.
A carreira de Linda como escritora também foi comprometida, já que a editora responsável por publicar seus livros, a Dutton, encerrou os trabalhos com a autora. “Posso confirmar que Linda Fairstein e a Dutton decidiram terminar seu relacionamento”, afirmou a editora por meio de um porta-voz.
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Especial com Oprah e as vítimas da história real
Com a série, o debate sobre o caso, que havia caído no esquecimento de muitos, voltou à tona. Para promover a produção como potencial concorrente ao Emmy 2019, a Netflix vai fazer um especial com apresentação de Oprah Winfrey e as cinco vítimas da história real - Antron McCray, Kevin Richardson, Yusef Salaam, Raymond Santana e Korey Wise.
Marcado para chegar a plataforma na quarta-feira, 12 de junho, "Oprah Winfrey Presents When They See Us Now", trará duas rodadas de conversa. A primeira vai contar com o elenco da série, enquanto a segunda trará a diretora e criadora do projeto, Ava DuVernay, e as cinco vítimas do caso real.
Mais sobre o caso e a série
Nunca foram achadas provas concretas que ligassem o crime aos garotos, afinal, a vítima foi encontrada desacordada e depois alegou não ter memórias do acontecimento, o que impossibilitou a identificação do suspeito. As acusações foram alimentadas por confissões gravadas em vídeo de pessoas, que, supostamente, teriam sido coagidas a fazê-las.
Na época, a ira pública foi atiçada com ajuda de Donald Trump, que já era um magnata e comprou páginas inteiras de jornais para pedir a pena de morte aos então suspeitos. Os rapazes cumpriram prisão até 1995 e 1997. Mais tarde, em 2001, o verdadeiro autor do crime, Matias Reyes, de 31 anos, confessou o feito, mas somente em 2002 os cinco foram inocentados.
Depois de exonerados, eles processaram a cidade de Nova York em US$ 250 mil. Em 2014, receberam uma indenização de US$ 41 milhões pelo tempo que passaram na cadeia.
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" Olhos que Condenam " se mantém, na maior parte do tempo, fiel ao caso. Somente alguns pontos sofreram alteração para a trama como a cena que retrata os detetives vendo Korey Wise (Jharrel Jerome) com Yusef (Ethan Herisse) na rua e os abordam quando, na realidade, eles já os estavam seguindo há mais tempo. Já a cena de Raymond Santana (Marquis Rodriguez) indo ao parque com seus amigos não condiz com realidade.