A onda de filmes de monstros vai bem, obrigado e tem em “Godzilla II: Rei dos Monstros” seu ápice, pelo menos até a chegada de “Kong vs Godzilla”, previsto para 2020. O longa de Michael Dougherty, também responsável pelo roteiro, é visualmente opulento e promove uma verdadeira carnificina de monstros gigantes.
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A sequência absorveu o criticismo sobre o filme de Gareth Edwards lançado em 2014 e parece planejado para ser uma resposta a ele em todos os sentidos. Da maior exposição de Godzilla em tela ao desfile de monstros em exuberante, ainda que eventualmente confuso, CGI, passando pelas excessivas deferências à mitologia de Gojira (nome do monstro em japonês), tudo remete à preocupação de não desapontar os fãs.
É louvável que uma produção desse tamanho busque privilegiar os fãs, afinal, um filme como esse só é feito por causa deles, mas essa atenção precisa ser balanceada. “Rei dos Monstros” é muito deficitário enquanto cinema. Apesar de rapidamente construir bons conflitos, o longa não dá conta deles e os usa apenas como aparato para o desfile de monstros na tela.
É um erro etimológico já que filmes de monstro tendem a girar em torno de questões que nos fazem humanos e que o início promissor de “Rei dos Monstros” torna ainda mais crasso.
Dougherty parece querer acomodar tantas deferências a Godzilla, bem como expandir esse universo de monstros (há pelo menos meia dúzia de referências a King Kong ), que se desapercebe dos principais focos narrativos do longa. Resultado? O filme fica aborrecido e mais esticado do que as ideias articuladas pelo roteirão dão conta.
Elenco irregular
São muitas caras conhecidas em “Godzilla 2”. Kyle Chandler (“Super 8” e “A Noite do Jogo”) lidera um elenco que ainda conta com Vera Farmiga, Millie Bobby Brown, Ziyi Zhang, Bradley Whitford (que tem as melhores piadas), Thomas Middleditch (“Silicon Valley”) e Charles Dance (“Game of Thrones”). Sally Hawkins, Ken Watanabe e David Strathairn retomam os personagens do primeiro filme.
Se Chandler e Watanabe se esforçam para dar dignidade a diálogos rasos, Vera Farmiga cede à caricatura e compromete a percepção sobre sua personagem, a qual o roteiro dá grande importância. O maior destaque negativo mesmo fica por conta de Millie Bobby Brown, que a bem da verdade não tem muito a fazer em cena a não ser ofertar caretas e choros, mas a atriz parece aferir mais importância a isso do que de fato tem.
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Se os efeitos especiais não decepcionam, embora também não empolguem, “Godzilla II: Rei dos Monstros” sucumbe à falta de ambição. Se contenta em ser um filme para fãs e renuncia a qualquer vestígio de autoralidade. Há quem acredite que jamais será feito um bom filme americano de Godzilla . Paradoxalmente, esse “filme para fãs” reforça essa percepção.
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Ficha Técnica
Nome original: Godzilla: King of The Monsters
Gênero: Ficção-Científica
País de Origem: Estados Unidos
Duração: 131 minutos
Classificação Etária: 14 anos
Direção: Michael Dougherty
Roteiro: Michael Dougherty e Zach Shields
Elenco: Kyle Chandler , Vera Farmiga , Millie Bobby Brown , Ken Watanabe , Bradley Whitford , Ziyi Zhang , Sally Hawkins , Charles Dance , David Strathairn e Thomas Middleditch
Site oficial: www.godzilla.movie.net
Estreia: 30/05/2019