Com muito sucesso entre os adolescentes, o k-pop ganhou força nos últimos anos, mas engana-se quem pensa que esse estilo musical surgiu agora. Reconhecido por bandas como Super Junior, BTS, Girls Generation, EXO, MASC e Big Bang, o gênero já existe há alguns anos e está em constante crescimento. Mas afinal, o que é esse estilo musical coreano e como ele se tornou um fenômeno adolescente?
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Este fim de semana será marcado por dois shows de k-pop em São Paulo. No sábado (25) e domingo (26) o grupo BTS se apresenta no Allianz Parque, em São Paulo, e o MASC fará um show nesse domingo no Carioca Club, em São Paulo, e na terça-feira (28) em Porto Alegre. Para Caroline Akioka, diretora da Revista KoreaIN, ela acredita que esse estilo musical é caracterizado pela variedade de elementos audiovisuais. “É um misto de vários aspectos que unem um forte apelo visual à música pop coreana”, conta.
A música pop coreana também não é formada apenas pelo pop, mas sim uma mistura de elementos que faz o público se interessar pelo estilo. “Pra começar, o k-pop não é formado apenas pelo pop. Os artistas do meio transitam pelos gêneros musicais e podem apresentar diferentes estilos em novos discos. Eles podem variar entre hip hop, reggaeton, rock, pop, entre outros”, explica Caroline.
“BOOM” do k-pop
A procura pelo estilo musical coreano teve um grande aumento nos últimos anos. De acordo com Caroline, esse fenômeno cresceu no Brasil em 2012 graças à popularização do hit do cantor PSY. “A onda do k-pop começou a crescer no país em 2012 quando Gangnam Style se populariza. Antes disso, já tínhamos fãs do estilo coreano, festas e alguns shows direcionados ao público, porém após o hit, várias pessoas começaram a se interessar pela música coreana ”, explica.
Ainda de acordo com Caroline, o interesse pelo estilo musical se dá por conta dos elementos presentes nas músicas e pelo crescimento da área na internet: “Somando o interesse desse público com a fórmula da música pop coreana que conta com um forte apelo visual, música chiclete, coreografia bem marcada e grande investimentos em marketing e expansão do cenário através da internet”.
Danyele Bortolo, designer de interiores de 24 anos, é fã de k-pop desde 2009, mas só começou a ouvir outras bandas em 2012. A designer de interiores comprova o que Caroline falou sobre o “boom” do estilo musical no Brasil: “Conheci o a música coreana em 2009, tinha uma música que era tema de um anime que eu assistia, porém só escutava essa música, aí em 2012 conheci mais alguns grupos pelo estouro do PSY”.
A estudante Suellen Moreira, de 24 anos, também reforça essa ideia. Sua paixão pelos meninos coreanos surgiu em 2015/2016, mas antes não conhecia nada além do PSY. “Na época eu não conhecia nada sobre kpop, além do PSY. Eu comecei a gostar por causa de kdramas, que são ‘novelas’ coreanas. Nesse drama, tinha uma música na trilha sonora que eu fiquei completamente viciada, chamada Auditory Hallucination. Depois disso eu fui encontrando outros mv's como Dope do BTS e por ai foi indo até hoje”, explica Suellen.
Diferente de Suellen e Danyele, a estudante Raíssa Amaral, de 25 anos, conheceu o estilo musical há cinco meses e revela que antes de ser fã, tinha certo preconceito. “Sou novata nessa área, mas eu acho legal ver o crescimento do pop coreano porque acaba quebrando um pouco o preconceito, sabe? Eu mesma tinha e não gostava, mas depois que fui mais a fundo vi que a cultura é bem legal e há muitos grupos talentosos nesse meio”, revela.
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Os shows de k-pop no Brasil
A primeira passagem do BTS no Brasil foi em 2014, quando eles se apresentaram para 1500 pessoas em São Paulo. Em 2015, o grupo coreano voltou a capital paulista e houve um aumento na procura pelos ingressos fez que fez com que a apresentação fosse transferida do Audio Club para o Espaço das Américas, que tinha capacidade para 8 mil pessoas.
Já em 2017, a disputa pelos ingressos do grupo coreano chegou a ter 30 mil pessoas nas filas para compra, mas o espaço que eles iriam se apresentar, o Credicard Hall em São Paulo, tem capacidade para 7 mil pessoas. Nesse ano, eles fizeram duas apresentações totalizando 14 mil pessoas presentes nos dois dias de show.
Nessa quarta passagem pelo Brasil, a banda fará os dois shows no Allianz Parque, um estádio em São Paulo, que tem a capacidade de 40 mil pessoas e teve os ingressos da primeira apresentação no sábado (25) esgotados. Além da diferença e evolução dos locais de apresentação, comparando os valores dos ingressos em 2017 e 2019 também houve um grande aumento.
Em 2017, os ingressos variavam de R$60,00 a R$325,00 a meia-entrada. Já em 2019, o aumento foi expressivo, pois os ingressos vão de R$145,00 a R$600,00 a meia-entrada.
O grupo MASC também esteve no Brasil em 2017, com a primeira formação do grupo e chegou a participar do “Encontro com Fátima Bernardes”. Agora, em 2019, eles voltaram ao País e já se apresentaram em três cidades, entre elas Goiânia, Manaus e Curitiba, e com dois shows que ainda vão acontecer em São Paulo e Porto Alegre.
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BTS e MASC no mesmo fim de semana
Os fenômenos da música pop coreana se apresentam em São Paulo no mesmo fim de semana. Caroline Akioka acredita que a coincidência dos shows no mesmo período não interfere um no outro: “Dois shows do mesmo estilo acaba dividindo o público, porém hoje o BTS é o artista de kpop mais famoso do mundo”.
“Com o aumento da popularidade do k-pop, mais e mais artistas começaram a vir para o nosso país e hoje os fãs podem escolher em qual show ir e também se acham melhor aguardar com a esperança de que seus ídolos favoritos agendem show no Brasil”, conta Caroline.
A diretora da revista KoreaIN , acredita que os dois shows no mesmo fim de semana são a prova de que o Brasil é um lugar que consegue atender o público da música coreana. “Essa 'leva' de shows e artistas coreanos vindo ao Brasil, ajuda a fomentar o mercado e prova que nosso país ainda tem bastante potencial em atender esse público, que anseia ver ídolos coreanos se apresentando por aqui”, explica.
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O amor pelos meninos coreanos
Raíssa Amaral é fã de carteirinha do BTS e assim que o grupo anunciou que estaria no Brasil, ela tentou de todas as formas conseguir ingresso para o show. A estudante mora em Belém, no Pará, e conseguiu o ingresso porque uma amiga comprou no setor errado e ficou com um a mais, porém ela ainda não sabe se vai conseguir ir: “Ainda não sei se vou, as passagens estão muito caras”.
Sara Silva, vendedora de 22 anos, gosta do pop coreano desde 2009/2010 e já foi a um show do BTS, na terceira passagem deles pelo país, em 2017. Ela confessa que é engraçado ver a proporção que o estilo musical teve no Brasil e que se surpreendeu quando foi no show em 2017. “É bem estranho! Quando comecei tinha pouquíssimas coisas pelas redes sociais. Eu tomei um susto quando fui no show do BTS em 2017 e vi a proporção estava tomando no Brasil”, conta.
Mesmo surpresa com a forma que eles estavam se tornando um fenômeno no Brasil, Sara confessa que a apresentação do grupo em 2017 foi sua primeira experiência em shows. “Foi incrível! Nunca tinha ido a um show antes, então teve toda aquela emoção de ser o primeiro show, de ser um grupo que gosto muito”, relembra.
Ser fã de k-pop vai muito além de ouvir apenas as músicas e esperar eles anunciarem os shows, é a criação de um laço. Sara revela que a paixão pelo pop coreano resultou em amizades incríveis: “Em 2017 eu fui no show do BTS com uma amiga virtual, nos encontramos a primeira vez em SP, onde também dormimos na casa de uma amiga virtual”.
Suellen Moreira revela que está orgulhosa de ver como o seu estilo musical favorito cresceu e como os artistas estão sendo reconhecidos mundialmente. “É bem legal ver esse crescimento e ver que os artistas estão recebendo reconhecimento mundial pelo talento deles. A música coreana tem grupos e cantores solos super talentosos, com coreografias super difíceis, com vozes incríveis, acho mais que justo que eles receberam esse reconhecimento”, conta.
A estudante relembra que em 2017, um dia após conversar com uma amiga que gostava da mesma banda que ela, um dos integrantes dessa banda faleceu. A expectativa das duas era de como seria o comeback que eles anunciaram: “Lembro que no dia anterior eu estava trocando mensagens com uma amiga que também gosta desse grupo, e estávamos comemorando o fato de que eles finalmente iriam fazer o comeback. No outro dia, eu soube da notícia quando estava no trabalho, e aquilo arruinou todo o meu dia”.
“Eu chorei muito a semana inteira (e sinceramente, ainda fico meio chorosa se acabar vendo um vídeo de homenagem a ele). E esse é o tipo de coisa que eu nunca tinha feito antes. Parece até idiota, mas é um sentimento terrível e que eu sinceramente não consigo explicar, mas que me deixou arrasada”, completa.
Recentemente, Suellen também passou por uma situação familiar que envolveu o grupo BTS. Após perder sua avó e ter sempre um vínculo com a música, não foi diferente. “Eu tenho passado por uma situações meio complicadas, como a perda da minha vó e eu sempre fui o tipo de pessoa que se agarrou muito a música, até mesmo antes de conhecer o k-pop. E agora não foi diferente. O BTS lançou em um dos comebacks anteriores deles o tema "Love Yourself", e o álbum praticamente inteiro é de músicas com letras lindas, positivas e de encorajamento”, comenta.
Danyele Bortolo lembra que antes do estouro, era muito difícil achar pessoas que gostassem dessas músicas e os grupos nem cogitavam em vir ao Brasil, o que já é diferente nos dias de hoje. “Antigamente era muito difícil você ver alguém que gostava de escutar essas músicas, e era quase impossível esses grupos virem ao Brasil. Eu acho legal ver como o estilo musical tem expandido bastante ultimamente e atingindo mais pessoas”, confessa.
O preconceito com o k-pop
Infelizmente, nem tudo são flores para os fãs do pop coreano. Danyele Bortolo confessa que já foi alvo de piadas quando mais nova e que antes isso a incomodava, o que mudou muito durante esses anos como fã. “Já fizeram piadinhas comigo sobre, mas nada muito sério que me fizesse ficar brava e etc. Quando eu era mais nova me incomodava muito, hoje eu apenas procuro não ligar e ficar na minha, afinal sempre vai ter piadinhas sem graça sobre quase qualquer coisa hoje em dia”, conta.
Suellen Moreira relembra que já ouviu comentários desagradáveis de seus amigos, mas que isso não a deixou abalada: “Eu já passei por situações de amigos zoando e coisas do tipo ‘ah fica ouvindo esses japoneses’ ou ‘mas você nem sabe o que eles tão falando ai’. Eu não levo a mal, nem me sinto ofendida ou algo do tipo, porque eu não tenho vergonha de ouvir”.
A estudante também traz à tona que uma das pessoas que fez esses comentários para ela, começou a gostar do pop coreano. “Uma história engraçada, é que uma amiga que sempre me zoava por gostar das músicas, me mandou uma mensagem com o link de um dos comebacks recentes do Blackpink dizendo que havia gostado da música. Eu caí na gargalhada e disse que sabia que em algum momento ela ia se render aos encantos do k-pop e que era um caminho sem volta”, relembra Suellen.