Como havia sido anunciado, Beyoncé lançou na última quarta-feira (17) o documentário “Beyoncé: Homecoming”, sobre sua apresentação no Coachella em 2018. Uma força criativa, ela tem total controle de sua narrativa e, nos últimos 10 anos, tem tomado o cuidado de só mostrar o que ela quer para o público (com exceção daquele momento no elevador com a irmã Solange e Jay-Z, lembra?).

Beyoncé
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Mas isso são águas passadas. Desde então, ela lançou “Lemonade”, que iniciou a era dos álbuns visuais, e novamente contou para nós o que estava acontecendo em sua vida: uma traição do marido, o sentimento de derrota, a volta por cima, o perdão e a nova chance de ser feliz. Mas Beyoncé também cantou sobre ser uma mulher negra, sobre as lições que aprendeu do pai e a importância de ter uma rede de apoio feminino.

Quando ela foi anunciada como headliner no Coachella de 2017, ela seria a primeira mulher negra a ocupar tal espaço no festival californiano, fato esse que ela lembrou um ano depois quando subiu ao palco, na performance adiada por conta da inesperada gravidez de gêmeos.

Tudo isso está no documentário : momentos da gravidez, o parto, os problemas de saúde. Ela fala sobre a filha ter tido uma parada respiratória na gestação, o que a fez ter uma cesariana de emergência, sobre o cansaço de ter três filhos em casa, da baixa estima ao atingir 99 kg e da dificuldade de voltar ao topo.

Entre cenas do show, que levou uma fanfarra, inúmeros dançarinos e lotou o palco com artistas negros, o filme mostra a preparação e os ensaios – que de acordo com ela somaram sete meses entre banda e coreografia. Não há nada acontecendo ao seu redor que ela não saiba, e ela faz questão de destacar isso.

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Ela não quer jogar na cara de ninguém que trabalha duro, pelo contrário, ela deixa claro que como mulher e como negra controlar cada parte do seu trabalho é uma necessidade para que ele ganhe vida do jeito que ela imaginou. É por isso que ela também permite que as filmagens mostrem uma bronca que a equipe recebe quando ela não fica satisfeita com as gravações dos ensaios.

O resultado, claro, foi um deslumbramento geral. O show em si, que aconteceu há um ano, já tinha sido impressionante por si só. Mas, conhece-la intimamente, entender sua motivação e seu trabalho para conquistar o Coachella e transformá-lo em Beychella, só comprovou ainda mais sua grandeza. A Revista Time disse que a cantora “reivindicou o palco mais influente do mundo para a cultura negra”. O New York Times destacou a força criativa da artista e a Variety chama sua apresentação como uma “experiência eufórica”.

Ícone e nova fase

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Ao replicar ídolos como Maya Angelou e a própria Chimamada Ngozi Adichie, ela exalta a força e o poder da palavra da mulher negra, mas com seu show e “ Homecoming ” ela crava seu lugar ao lado dessas mulheres. O documentário trata de sua história, bem como a do negro americano e o trabalho para chegar até onde chegou encerra um período de sua vida, enquanto a transforma em ícone da música.

Depois de comentar sobre a dieta restrita que seguiu e sua falta de conexão com o corpo e com a mente ela deixa um aviso: “nunca mais vou me esforçar dessa forma”. Foi um sacrifício que serviu para alertar aos sépticos e “haters” como ela mesma canta que ela é mais do que uma cantora.

Beyoncé se levou ao limite, o que talvez uma artista branca não precise fazer da mesma forma, mas que a levou ao fim de uma era. O que quer que ela faça a seguir, será com a segura que de é a maior artista viva do mundo.

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