Existe uma espécie de clube do bolinha no cinema francês contemporâneo que envolve alguns dos principais atores daquele país. Guillaume Canet, Jean Dujardin, Mathieu Amalric e Gilles Lellouche estão frequentemente atuando nos filmes um dos outros. “Um Banho de Vida” marca a estreia na direção do último e conta com Canet e Amalric como protagonistas.
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“ Um Banho de Vida ” bebe da fonte do eterno “Ou Tudo ou Nada”, comédia britânica que concorreu ao Oscar em 1998, em que quarentões desempregados viravam strippers. Substitua o strip-tease pelo nado sincronizado e voilà.
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Para além dos talentos que dispõe, Lellouche se mostra um bom diretor de atores , mas seu filme se leva mais a sério do que precisaria e também é mais esticado do que os conflitos articulados dão conta.
Uma das boas ideias do longa é a inversão dos papeis geralmente impostos à sociedade. Aqui são os homens , todos empresários com dificuldade, que frustrados procuram uma atividade, um hobby, para que possam desafogar, e mulheres que se impõem dentro da realidade familiar e profissional e não transparecem qualquer hesitação. É um jogo de cena interessante para que Lellouche investigue essa masculinidade frágil que não mais precisa ser tratada como tabu.
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O tom fabular de “ Um Banho de Vida ” leva a um final um tanto inverossímil, ainda que concatenado com as ideias arejadas pela realização, que tem no trabalho do elenco o seu maior chamariz.