O segundo semestre de 2019 vai contar com a estreia de "Maria Luiza", um documentário que traz a história do primeiro caso oficial de uma mulher trans das Forças Armadas Brasileiras (FAB). A produção ainda integra a programação da edição de 2019 do Festival Internacional de Documentários É Tudo Verdade, que acontece entre os dias 4 e 14 de abril em São Paulo e 8 e 14 de abril no Rio de Janeiro.
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Maria Luiza , que protagoniza o documentário que leva o seu nome e revisita a sua história de vida, atuou como cabo da FAB durante 22 anos. Durante seus serviços, passou por inúmeros médicos e psicológicos da Aeronáutica, almejando a mudança de sexo. Recebeu diagnóstico de transexual em 1998 e, dois anos depois, o comando decidiu aposentá-la. A sua cirurgia de transgenitalização foi feita em 2005, e foi em 2007 que Maria mudou o nome nos documentos.
Diretor Marcelo Díaz fala sobre Maria Luiza
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A obra documental dirigida por Marcelo Díaz aborda os conflitos de Maria e sua identidade como transexual. O diretor, que conheceu a história da militar aposentada há quase dez anos por meio de uma reportagem, declarou: "Fiquei extremamente impactado pela história, desde sua vida pregressa no interior de Goiás, até sua luta por continuar na Aeronáutica, como mulher trans, passando pelos bastidores da vida militar, o casamento, a filha e a mudança de gênero”.
O diretor ainda falou sobre a personalidade da protagonista: “Ela é uma pessoa com uma vivência e força tão impressionantes e de uma simplicidade e profundidade inspiradoras que sempre dá vontade de estar por perto. Tenho certeza de que qualquer pessoa que tiver a oportunidade de ver o filme poderá sentir-se tocada pela história e pelo que simboliza para o tema da identidade de uma maneira mais ampla”.
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O diretor também expôs o quão árdua foi a tarefa de explorar o universo militar no qual a protagonista de sua obra esteve inserida por 22 anos: “Um grande sonho de Maria Luiza era vestir a farda feminina e eu queria muito registrar isso de alguma forma. Mas a realidade às vezes é mais dura, e ela não pode voltar à ativa e usar a farda feminina”.