Ao assistir um episódio de “Tantrika” já é possível relaxar e se desconectar só de observar as belas paisagens de Caraíva, na Bahia, ou ouvir os sons da natureza. A nova série da Hysteria, coletivo feminino dentro da Conspiração Filmes, poderia ser sobre meditação e, num primeiro olhar, faria sentido.
Mas a criadora do projeto Carol Teixeira vai muito além e faz de “ Tantrika ” uma ferramenta para que mulheres se conectem com si mesmas, seus corpos e o potencial de seu prazer. Carol é filósofa, e conta que foi a angústia da existência que a levou para a área. Porém, foi o tantra que lhe ensinou a usar o próprio corpo como um instrumento para sanar essa angústia.
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“Descobrir no corpo um instrumento para a transcendência, logo o corpo, tão desprezado pela moral socrático-platônico-cristã, foi uma mudança de paradigmas muito forte”, explica Carol. Ela conta também que, depois de ter essa vivência, decidiu incluir essa ferramenta no seu trabalho.
A série, portanto, foi uma consequência pensada para mudar a percepção que temos do que é o tantra. “Quero mostrar que tantra é para todos e esse olhar tântrico para se relacionar com o mundo pode ser praticado no cotidiano”, continua. O tantra, com sua ideia do corpo como algo sagrado e instrumento para transcendência, me fez sentir mais do que pensar. É ‘sinto, logo existo’, e não 'penso, logo existo’”. Para ela, mudou sua relação com a vida, a morte, o amor e o sexo.
O bê-á-bá do prazer
Com 12 episódios de cinco minutos, sete deles já no ar, se desdobram sobre esse tema. O primeiro, que está disponível no canal da Hysteria , explica justamente como a relação com o corpo pode abrir as mulheres para novas – e melhores - experiências sexuais, seja com parceiros ou sozinhas.
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Os episódios procedem falando sobre masturbação, usar o prazer para ampliar a criatividade e até mesmo dicas para os homens. “Acho que alguns minutos de reflexão, que façam a pessoa ver que ela pode fazer algo diferente do que ela esta fazendo e que ela pode evoluir, pode mudar a vida de uma pessoa num dia”, comenta.
E é por isso que, com a diretora Cássia Vilasbôas, ela decidiu fazer a série: ajudar as mulheres e desmistificar o tema. “Se a pessoa assistir todos os episódios certamente vai repensar a relação dela com o corpo dela e do outro”, promete.
Desmistificando o sexo
Para poder falar abertamente sobre prazer feminino é preciso quebrar a tão complicada barreira de debater sexualidade na nossa sociedade. “É preciso mudar as coisas não só discurso, mas também na ação. Vejo muitas mulheres que tem discurso feminista ou se dizem empoderadas, mas entre quatro paredes ainda fingem orgasmo, por exemplo”.
“Precisamos cada vez mais de mulheres que sejam exemplo dessa liberdade sexual consciente, focada no corpo como algo para si e não para o outro. As mulheres aprenderam que elas são corpos para o outro, isso precisa mudar para lidar de forma mais verdadeira com a sexualidade”, completa.
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Se a sociedade patriarcal não dá espaço para que essas mulheres se conheçam, a internet e “ Tantrika ” estão aí para isso. Carol acredita que sua missão é “libertar as pessoas”, justamente para que elas se sintam a vontade para viver como lhes dá prazer.