Spike Lee tinha muita coisa para dizer durante a cerimônia do Oscar no último domingo (24) e o diretor de “Infiltrado na Klan”, como de costume, falou mesmo. Indicado pela primeira vez por Melhor Diretor, ele perdeu para Alfonso Cuarón, e depois ficou atrás de “Green Book – o Guia”, que levou para casa o troféu de Melhor Filme.
O longa de Peter Farrelly conta a história de Frank Vallelonga (Viggo Mortensen), que se torna motorista do músico Don Shirley (Mahershala Ali) durante sua turnê pelo sul dos EUA. Em um período de segregação racial, o músico negro é conduzido pelos estados pelo motorista branco. “Toda vez que alguém está dirigindo eu perco”, comentou Spike Lee depois da vitória de “ Green Book ”.
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Ele fez referência a outro momento em sua carreira, em 1990, quando perdeu sua única indicação, de Melhor Roteiro Original, para outro filme que debatia questões raciais e tinha a relação motorista/passageiro como ponto central, “Conduzindo Miss Daisy”.
Na época ele foi indicado por “Faça a Coisa Certa”, mas saiu de mãos vazias. Lee, inclusive, só havia ganhado um Oscar , pelo conjunto de sua obra. Por Melhor Roteiro Adaptado, ele recebeu a estatueta das mãos de Samuel L. Jackson que, inclusive, esteve no seu filme de 1989.
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No final da noite, o diretor ainda parou para falar com a imprensa e seguiu ironizando seu competidor. Ao ser perguntado sobre sua reação à vitória de “Green Book”, ele tomou champanhe e comentou: “eu achei que tinha sido colocado para fora da quadra porque o juiz tomou uma decisão errada”, em referência a derrota.
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Crítica de Spike Lee e reação de Trump
Em um discurso emocionado e muito aplaudido, Spike Lee falou sobre família, racismo, e comentou sobre as próximas eleições americanas: “As eleições de 2020 estão chegando, vamos pensar nisso. Vamos nos mobilizar, estar do lado certo da história. É uma escolha moral. Do amor sobre o ódio. Vamos fazer a coisa certa".
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O presidente americano Donald Trump não gostou de seu discurso, que ele considerou “racista”. Na manhã desta segunda-feira (25) ele respondeu no Twitter: “seria lega se Spike Lee pudesse ler suas anotações, ou melhor ainda não usá-las, quando faz comentários racistas sobre o Presidente, que fez mais pelos afro-americanos (Reforma da Justiça Criminal, Desemprego mais baixo da história, cortes fiscais) do que quase qualquer outro Presidente”.