Em um momento em que o país encontra-se mais conservador, a HBO resolveu provocar: neste ano, estreia a série “Pico da Neblina”, que imagina como seria o Brasil caso a maconha fosse legalizada, em um modelo parecido com o que acontece hoje com o Canadá, Uruguai e Estados Unidos.
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“ Pico da Neblina ” irá contar a história de Biriba, personagem de Luís Navarro , um jovem traficante paulistano que, com a mudança nas leis, se vê obrigado a encontrar outros meios de sobreviver, como vender a erva legalmente, junto a um sócio “cheio da grana”, mas nada experiente.
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Contudo, o que Biriba não esperava é que seu amigo de infância, Salim (Henrique Santana), resolveria ignorar as novas condições impostas pelo governo e seguir como um traficante à moda antiga, vivendo na ilegalidade.
Polêmicas e conservadorismo
Durante da CCXP 2018, o iG Gente conversou com Quico Meirelles e Luís Navarro sobre as expectativas para a estreia da série, que ainda não tem data de estreia. De acordo com Quico, diretor da série, a ideia surgiu em 2013, ao se juntar com amigos da faculdade, que começaram a imaginar como seria se a erva fosse legalizada. A princípio, não passava de uma brincadeira entre amigos, mas o escopo do projeto foi tomando forma e ele decidiu apresentar a ideia para o canal pago HBO , que aceitou a proposta de produzir uma série tão polêmica quanto essa.
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Quico também concorda que a série irá estrear em um momento em que o país deu uma forte guinada à direita, com maiores tendências ao conservadorismo. “Quero que a série seja a mais polêmica possível, porque traz ideias originais e bem organizadas, uma provocação ao público. Esse é um momento em que o mundo todo está indo nessa direção da legalização da maconha, mas o Brasil não. Então, a série imagina como isso altera a vida das pessoas e, principalmente, de quem sobrevive da venda ilegal da maconha”.
Ainda falando sobre as polêmicas que a série deve gerar, Quico Meirelles citou o atual presidente da República, Jair Bolsonaro, que é um forte opositor à legalização das drogas. “Eu quero que ele [o Bolsonaro] assista e diga que tem que proibir a série, porque aí vai gerar mais interesse, mais curiosidade do público. As pessoas vão ver nem que seja só para criticar. E aí, eu vou produzir mais umas oito temporadas”, contou aos risos.
Desafios do protagonismo
Pela primeira vez, a HBO realizou os testes de uma forma diferente da tradicional: qualquer pessoa, ator profissional ou não, poderia enviar um vídeo lendo três cenas da série, através de um site disponibilizado pelo canal por assinatura. Navarro, o ator escolhido para viver o protagonista, revelou as dificuldades de dar vida a um personagem tão importante.
“Há todo um desafio de ser protagonista, é bem desgastante. A equipe da série é gigante. O meu maior desafio é sobreviver filmando, encaixar família, amigos, vida pessoal enquanto estou vivendo o Biriba. Além disso, também passei por um processo bem intenso de preparação para o personagem, que durou cinco meses”, contou. “Na série, eu resgatei muita coisa que vivi, e até coisas que me salvaram. Eu espero que, um dia, possamos legalizar a maconha, mas eu não acho que isso vá acontecer”.
A primeira temporada da série conta com dez episódios de uma hora cada, dirigidos por diferentes diretores que, segundo o produtor Roberto Rios, é uma tentativa de trazer olhares plurais para a história. A série conta com direção geral de Fernando Meirelles e Quico Meirelles, direção de Rodrigo Pesavento e Luis Carone. A produção fica a cargo de Luis F. Peraza, Roberto Rios, Eduardo Zaca, Fernando Meirelles, Andrea Barata Ribeiro e Bel Berlinck. Chico Mattoso, Mariana Trench, Cauê Laratta e Marcelo Starobinas assinam o roteiro.
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“ Pico da Neblina ” ainda não tem data de estreia confirmada, mas está prevista para o segundo semestre deste ano.