Uma das melhores e mais excitantes categorias do Oscar em 2019 é a de Filme Estrangeiro. Em parte porque muito do que de mais interessante que está acontecendo nessa temporada de premiações se concentra aqui.

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Roma e Guerra Fria
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Roma e Guerra Fria

“Roma”, grande pauta da temporada de premiações e indicado a dez Oscars, é o décimo candidato do México na categoria e aquele com mais chances de vencer. A última vez que o país disputou a estatueta de Filme Estrangeiro foi em 2011 com “Biutiful”, de Alejandro González Iñarritu.

Completam a categoria “Cafarnaum”, de Nadine Labaki, que assevera ao Líbano sua segunda indicação consecutiva na categoria; “Assunto de Família”, de Hirokazu Koreeda, representando o Japão; “Nunca Deixe de Lembrar”, de Florian Henckel von Donnersmarck, da Alemanha; e “Guerra Fria”, de Pawel Pawlikowski , da Polônia. Os dois últimos cineastas já venceram na categoria em 2007 e 2015 respectivamente com “A Vida dos Outros” e “Ida”.

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O componente mais interessante dessa disputa é que as duas grandes gigantes do streaming dividem as atenções. “Roma”, da Netflix, e “Guerra Fria” da Amazon também concorrem em outras categorias e despertaram paixões dos acadêmicos. Se a Netflix objetiva mudar o paradigma da indústria e vê no filme de Cuarón um importante passo para fazê-lo, a Amazon joga o jogo padrão de Hollywood, distribui seus filmes em cinema nos EUA e respeita as janelas tradicionais para on demand.

São questões que, ainda que desimportantes para a apreciação dos filmes, influenciam na avaliação que os acadêmicos farão deles e é nesta categoria que essa característica se faz mais pulsante.

“Roma”, em teoria, por concorrer ao Oscar principal e ostentar dez indicações, é o favorito na disputa. Curiosamente, esta é a categoria mais receptiva a surpresas. Foram quatro nos últimos oito anos. Uma delas, inclusive, protagonizada por Pawel Pawlikowski com seu “Ida”, que superou o badalado e favorito “Relatos Selvagens”, candidato da Argentina.

Pawel Pawlikowski e Alfonso Cuarón em evento promovido pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood
reprodução/variety
Pawel Pawlikowski e Alfonso Cuarón em evento promovido pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood

Outros pontos de interesse é que favoritos da Academia costumam brilhar em disputas aqui. Veja Asghar Fahardi que, depois de confirmar seu favoritismo com “A Separação” em 2012, voltou a ganhar com “O Apartamento” em 2017 superando o favorito, o alemão “Toni Erdmann”.  A quem essa lógica favorece: Cuarón ou Pawlikowski?

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Todos os filmes estrangeiros indicados a Melhor Filme (“A Vida É Bela”, “ O Tigre e o Dragão” e “Amor” são alguns) ganharam o Oscar na categoria de produção estrangeira. Portanto, “Roma” tem uma escrita a seu favor, mas defende um ineditismo, que é o fato de ter sido um filme pensado e distribuído globalmente para streaming.

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