“Nasce Uma Estrela” já surgiu em alta, tanto pelo aclamado histórico do filme, como pela curiosidade de ter Lady Gaga em um papel tão expressivo no cinema. A quarta versão de um musical que já teve Barbra Streisand e Judy Garland no papel principal, o filme já nasceu com potencial.
Além disso, “ Nasce Uma Estrela ” marcou a estreia de Bradley Cooper na direção e nos vocais. Cooper, que nos últimos anos mudou seu status em Hollywood de galã para ator celebrado, adaptou a ideia de seu mentor Clint Eastwood e assumiu a história dessa tragédia amorosa que sobreviveu as marcas do tempo.
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A premissa é a mesma das outras três versões: um artista celebrado, Jack (Cooper) está em decadência na carreira quando conhece uma nova e promissora artista, Ally (Gaga). Dessa vez, porém, o cantor é um ícone country que ocupa espaços como o Coachella e se afunda na bebida para driblar a solidão da vida na estrada.
Ally, no entanto, o revive e dá novo fôlego para sua vida e sua carreira. O encontro dos dois é explosivo e transborda tanto em sua relação pessoal como nas músicas que escrevem e cantam juntos. Mas a ascensão de Ally no mundo artístico e seu viés pop na carreira solo logo se provam um entrave na relação entre os dois.
Cooper já declarou diversas vezes que não conhecia a carreira de Gaga quando a conheceu, mas ficou impressionado com o talento da cantora. É ela, inclusive, quem escreve todas as músicas apresentadas pela dupla ou pela cantora em sua carreira solo. E é ela o maior destaque da temporada, como a atriz novata e autora celebrada.
Shallow , primeira faixa divulgada, foi indicada ao Oscar de canção original e tem levado todos os prêmios para o qual é indicado, incluindo o Bafta, Globo de Ouro e Critics’ Choice Awards. Lady Gaga também foi celebrada por sua atuação, mas conta com uma forte competição de Glen Close. As duas dividiram o prêmio de melhor Atriz no Critics’ Choice, e a diva perdeu todos os outros. Cooper também saiu de mãos vazias, e nem chegou a ser indicado ao Oscar de direção.
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Por que merece ganhar?
- Lady Gaga dá tudo de si nesse papel. Ela se desfaz de sua persona e aparece de cara lavada, como uma jovem cheia de inseguranças, mas consciente de seu potencial. Ela domina o filme desde sua primeira performance (uma versão de La Vie En Rose
) até a cena final e mostra total entrosamento com Cooper (o diretor e o ator).
- A trilha-sonora não decepciona. Muita expectativa rodeava o filme e uma delas era em relação a música. Cooper trabalhou nas canções de Jack Maine ao lado de Lukas Nelson, filho de Willie Nelson, e Gaga criou boa parte das músicas com Mark Nilan Jr., seu parceiro em “Joanne”. Embora tenha muitos pontos altos, como Always Remember Us This Way , Shallow é arrepiante e faz um equilíbrio perfeito as duas vozes e estilos.
- Cooper soube tirar o melhor de seus atores. Embora a maior parte das cenas seja apenas dele com Gaga, nenhuma atuação é subestimada. Sam Elliot tem momentos emocionantes na pele de Bobby, irmão de Jack e é responsável por uma das cenas mais emocionantes do longa.
- Fazer a quarta versão de uma história contada desde 1937 não é fácil. E Cooper soube atualizar a história sem que a mesma ficasse genérica.
- Bradley Cooper já mostrou que sabe atuar. O ator foi indicado ao Oscar por três anos consecutivos e consegue sua quarta por “Nasce Uma Estrela”. Mas seu envolvimento agora, tão pessoal, faz dessa uma das melhores performances de sua carreira. Desde a mudança de voz até a sensibilidade geral que apresenta.
Por que não ganhar?
- Com tantas belas montagens do casal se envolvendo e escrevendo música numa espécie de divagação artística levada pela paixão de ambos, o filme se perde no meio. O que vem depois desses momentos acaba sendo apressado e seria interessante ver uma passagem de tempo maior dos dois.
- Bradley se destaca como estreante na direção, e como um primeiro filme seu esforço é louvável. Mas escolher um filme que já tinha três outras versões aclamadas é uma decisão segura. E, de fato, ele se arrisca pouco esteticamente, deixando que a força de Gaga domine e se sobreponha a todo o resto.
- Histórias de amor são bem-vindas, mas “Nasce” perde um pouco a relevância frente aos concorrentes. Em um ano em que diretores como Spike Lee e Alfonso Cuarón entregaram obras tão singulares como “Infiltrado na Klan” e “Roma”, seria surpreendente que o filme de Cooper os superasse.
- O longa perdeu força durante a temporada. Quando começou sua campanha no Festival de Veneza era o filme a ser batido, mas agora chega ao Oscar com chances apenas pela trilha-sonora.
- Nunca uma refilmagem de um filme americano ganhou como Melhor Filme. No Caso das versões anteriores, todas foram indicadas a Melhor Filme e nenhuma levou. Difícil a primeira vez acontecer agora.
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“ Nasce Uma Estrela ” foi indicado a oito Oscars. Além de Melhor Filme, o filme foi contemplado por Melhor Atriz, Melhor Ator, Melhor Ator Coadjuvante, Melhor Canção Original, Melhor Mixagem de Som, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Fotografia.