Indicado pela quarta vez ao Oscar na década pelo papel de Dick Cheney em “Vice”, que estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (31), Christian Bale está soprando velinhas. O galês completa 45 anos nesta quarta-feira (30).
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Filho de um piloto comercial e uma artista circense, Christian Bale começou cedo na profissão. Com apenas 12 anos estrelou “Império do Sol” (1987), de Steven Spielberg e impressionou. Produções como “Henrique V” (1990), de Kenneth Branagh, e “Extra! Extra!” (1992), da Disney, ajudaram a facilitar a transição de talento mirim para ator de verdade.
Em 1996 foi coadjuvante de Nicole Kidman em “Retrato de uma Mulher”, de Jane Campion e em 1998 voltou a causar sensação com “Velvet Goldmine”, de Todd Haynes, em que dividia a cena com outros jovens talentos britânicos como Ewan McGregor e Jonathan Rhys Meyers.
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O ano de 2000, no entanto, foi especial. Foi quando Bale mostrou que era um ator de verdade em “Psicpota Americano”, adaptação imaginativa e cheia de reflexões pertubadoras da obra de Bret Easton Ellis por Mary Harron, e que era uma opção viável para Hollywood com o vilão almofadinha de “Shaft”, refilmagem estrelada por Samuel L. Jackson.
Sua carreira ganharia novo status em 2005 quando fora escolhido por Chistopher Nolan para ser o novo Batman do cinema. Entre um filme e outro da trilogia do cavaleiro das trevas (2005-2012), o galês fez filmes tão distintos e significativos como “O Sobrevivente” (2006), “Não Estou Lá” (2007), “Os Indomáveis” (2007), “Inimigos Públicos” (2009) e “O Exterminador do Futuro: A Salvação” (2009).
Em 2011, por sua primeira colaboração com David O. Russell recebeu sua primeira indicação ao Oscar por “O Vencedor”. Premiado como coadjuvante, ele voltaria à disputa três anos depois com “Trapaça”, nova colaboração com Russell, mas dessa vez concorrendo a Melhor Ator.
Depois de Batman, o galês resolveu trabalhar com cineastas de prestígio e abraçar papéis grandiloquentes. Foi Moisés para Ridley Scott em “Exôdo: Deus e Reis” (2014) e agora é Dick Cheney , vice-presidente de Bush entre 2001 e 2008 em “Vice”. O filme marca sua segunda colaboração com Adam McKay. Pela primeira, “A Grande Aposta”, o ator também chegou ao Oscar há três anos entre os coadjuvantes.
O grande papel da sua carreira
O grande desafio que Bale vive atualmente é ofuscar o homem-morcego em sua filmografia. O galês não é estranho a profundas transformações físicas; quem não se lembra da excessiva magreza em “O Operário” (2004) ou da barriguinha sapiente de “Trapaça” (2013)? Mas “Vice” era um desafio de outra natureza.
A obscura figura do ex-homem forte da Casa Branca de Bush exigiu uma entrega incomum na carreira do galês. Além do considerável ganho de peso e da maquiagem opulenta, o ator se viu diante de um personagem real e contemporâneo e na posição de emitir julgamentos a respeito de ações que ainda reverberam.
Cheney é um personagem trágico e cômico e transitar por esses registros exige grande capacidade dramática, intuição e sensibilidade.
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O olhar sobre essa figura tão cinética, bem como sobre a composição do ator, será muito mais criterioso e problematizante. Justamente por isso, Christian Bale alimenta altas expectativas para o trabalho. O segundo Oscar ajudaria a tornar a figura do homem-morcego mais distante e colocaria Cheney, e seu minucioso artesanato, em relevo em uma carreira cheia de ótimas escolhas.