Interpretando um personagem eternizado por Al Pacino nos cinemas, Silvio Guindane começou 2019 com dois pés direitos (se é que isso é possível). Em São Paulo assina o texto e direção da peça “Ele Ainda Está Aqui”, uma comédia com Emilio Dantas que adverte pessoas que só pensam em trabalho. Já no Rio de Janeiro, como produtor e protagonista, ele dá à luz a primeira montagem mundial de “Perfume de Mulher”, que conta as desventuras de um militar cego, sua sobrinha e um cuidador de idosos.
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Apesar de, operacionalmente dizendo, estar encubido de papéis diferentes em cada peça, o ator, diretor e dramaturgo, demonstra estar igualmente ansioso para ambas produções. “Época de muita correria, esses últimos meses ensaiamos das 10h00 às 23h00”, comenta Silvio Guindane sobre o tempo que precedeu a peça em São Paulo.
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Sobre interpretar o mesmo personagem que Al Pacino, só que no teatro, Silvio esbanja confiança e coloca os fãs em estado de atenção para mudanças drásticas, tanto no personagem, quanto na história clássica que conquistou inúmeros cinéfilos.
“Para mim, é uma delícia interpretar um personagem com tanto renome. No entanto, chega uma hora que a referência deixou de ser o Al Pacino e passou a ser o personagem que construí nos ensaios. Eu fiz meu próprio personagem”.
Em seguida, Guindane fala sobre o quanto a primeira montagem da peça é fiel a história do filme. Antes disso, ele justifica sua resposta dizendo que o longa já é uma adaptação de um livro e, por isso, as pessoas podem sentir grandes diferenças.
“Temos coisas próximas a produção original, mas esta é uma adaptação para o teatro”, em continuidade, ele alega que os fãs do filme “não ficarão órfãos”, pois alguns elementos da produção cinematográfica podem ser encontradas na obra: “detalhes emblemáticos estão presentes. O público está ficando satisfeito”.
A Lei Rouanet na equação
Foi a partir de uma conversa com um amigo próximo que Silvio teve o estalo de produzir a peça “Perfume de Mulher” . Após nove anos de pré-produção, um pouco a mais do que o comum, o projeto está pronto para se conferido pelo público em geral.
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Sobre a via sacrapara pôr a peça na praça, ele disserta: “Foi difícil achar os direitos autorais. Depois teve todo um processo para conseguir equipe e arrumar grana. É um espetáculo muito grande, demorou mais que o normal, mas passamos por essas variantes”.
Falando em variantes artísticas, Guindane foi questionado sobre as duras críticas que a Lei Rouanet vem recebendo. Como se alguém houvesse pisado em seu calo, o ator despejou.
“Toda essa discussão da Lei Rouanet parte de uma grande fake news, é só pesquisar. Existem pessoas que a usam de maneira errônea e nós (artistas) somos os primeiros a apontar. Tudo isso não passa de um discurso maldoso da direita, que pensam que ter um projeto aprovado é sinônimo de ter R$ 500 mil no bolso, sendo que não é assim”.
“Depois de preencher inúmeras planilhas, você têm que tentar captar esse projeto e a maioria das pessoas que são aprovadas não conseguem isso”.
Em desabafo, ele prossegue: “Agora você levantar uma notícia fake para as pessoas pensarem que têm propriedade do que estão falando é uma irresponsabilidade. Isso não ofende só os artistas, isso ofende todos da comunicação. Por que quando você levanta um projeto cultural, não é só o ator que ganha, o projeto sustenta um número de famílias. Têm cinegrafistas, iluminadores, teatro e mais. Tudo isso, claro, para levar conteúdo ao público”.
Uma vida dedicada à arte
Apesar de não fazer parte da santa trindade dos famosos, como Marquezine, Marina Ruy Barbosa e Bruno Gagliasso, trabalho é algo que nunca faltou para Silvio. Sempre envolvido em uma novela, uma série, uma peça de teatro ou em projetos alternativos, o ator aprendeu a viver como um camaleão e criar suas próprias oportunidades em todos estes anos que passou no universo do entretenimento.
Dessa jornada, ele apenas faz uma ressalva negativa: “Os negros, a minha classe, não podem ser artigo de perfumaria”, comenta explicando que a minoria não pode ser tratada no meio como se fosse algo barato, altamente substituível. “Quando o Brasil quiser crescer, ele vai entender que a cultura, a educação e a arte são fundamentais”, completa.
Silvio Guindane quebrando a perna
Se “quebrar a perna” é uma expressão de sorte no teatro, Guindane começou 2019 com as duas quebradas. Em cartaz no Teatro PetroRio das Artes, no Rio de Janeiro, ele vive o primeiro “Al Pacino negro” da história. Já em São Paulo, ele garante humor e reflexão com “Ele Ainda Está Aqui”, no Teatro Renaissance.
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Vivendo intensamente cada instante, Silvio Guindane já têm novos projetos orbitando em sua rede, como as séries “O Dono do Lar”, produção para o Multishow que remenda comédia com a inversão de papéis dentro de casa; e “Divisão”, drama-policial exclusivo para a plataforma Globoplay que têm previsão de estreia para 2019.