Foi um ano próspero para o cinema e isso não podia escapar à retrospectiva 2018. Entre recordes de bilheteria e produções aclamadas pela crítica, muitas atuações se destacaram ao longo de 2018. O iG Gente
selecionou aquelas que julga terem sido as 15 melhores da temporada. Conheça-as na lista abaixo.
Leia também: Jennifer Lawrence, Casey Affleck e as melhores performances de 2017 no cinema
- Daniel Day Lewis (“Trama Fantasma”)
A (anunciada) última atuação de um dos maiores atores de todos os tempos é uma obra de arte em si. Entre a contenção e o escândalo, aliando sutileza e adensamento, Daniel Day Lewis cria um personagem distante, cheio de conflitos, e pelo qual o público padece entre a admiração e a repulsa.
- Patricia Clarkson (“A Festa”)
Em “A Festa”, drama cortante e repleto de humor negro assinado por Sally Potter, Patricia Clarkson é April, aquela mulher que tem uma opinião formada sobre tudo e todos e não faz questão de manter para ela. A personagem é deliciosa e tem ótimas sacadas, mas é o ar blasé da atriz, que também fez diferença na minissérie “Sharp Objetcs” que convulsiona tudo. Uma atuação minimalista de grandes proporções.
- Yalitza Aparicio (“Roma”)
“Roma”, que estreou enquanto a retrospectiva 2018 já estava em curso, é a estreia de Yalitza Aparicio como atriz, esse diamante bruto que Alfonso Cuarón lapida com sua obra mais pessoal. Entre a delicadeza dos gestos e a opressão dos silêncios, Aparicio comove e cativa. Sua atuação é cheia de pequenos momentos, de transições e espaços que inundam o espectador de sentido.
- Amandla Stenberg (“O Ódio que você Semeia”)
Se é possível medir o pulso da audiência a partir de uma atuação não houve nenhuma outra em 2018 nas telas de cinema do País mais afeita à analogia do que a de Amandla Stenberg em “O Ódio que Você Semeia”. A jovem atriz de 20 anos recebe o turbilhão de emoções a qual sua personagem é submetida após testemunhar o assassinato de um amigo em um caso de brutalidade policial, com abnegação e coragem e guia o público pelo maremoto emocional que se segue.
- Elizabeth Debicki (“As Viúvas”)
É difícil destacar e convergir força interior e fragilidade ressaltando sempre a vulnerabilidade de se estar fazendo algo perigoso, sem qualquer convicção e é ainda mais desafiante fazê-lo medindo forças com uma atriz do quilate de Viola Davis, com quem Elizabeth Debicki divide suas principais cenas em “As Viúvas”. O que essa atriz australiana, nascida na França e que já havia encantado em “The Night Manager”, faz no filme de Steve McQueen é primoroso e sensorial. Ela reclama a atenção do público para si sem embaraço algum.
- Keira Knightley (“Colette”)
Poucas atrizes se dão tão bem em filmes de época como Keira Knighley. Nesse contexto, para a britânica conseguir sair da sua zona de conforto em um filme dessa natureza é preciso um papel com bons predicados. E isso ela tinha aqui, assumindo a vida da primeira escritora francesa que viveu um casamento de abusos e incompreensão e explorou a sua sexualidade para além das restrições da época. A assertividade da atriz e a maneira como aborda pautas modernas nos detalhes de sua Colette tornam seu trabalho mais altivo e reverberante.
- Steven Yeun (“Em Chamas”)
Desde que saiu de “The Walking Dead”, Steven Yeun tem apostado em projetos autorais como “Sorry to Bother You” e esse “Em Chamas”, filme sul-coreano que pode emplacar no Oscar . Na pele de um homem misterioso, mas charmoso e simpático, Yeun ajuda a revitalizar a estética do noir desenhada nos filmes de John Huston e Hitchcock. A compreensão do personagem pelo ator se revela para o público cada vez mais que se pensa no filme e este é um filme em que se pensa bastante.
Você viu?
- Bradley Cooper (“Nasce uma Estrela”)
As três indicações sequenciais ao Oscar em 2013, por “O Lado Bom da Vida”, em 2014, por “Trapaça”, e em 2015, por “Sniper Americano”, afastaram de vez a dúvida de quem não tinha Bradley Cooper como um grande ator. “Nasce uma Estrela”, no entanto, o incensa ao olimpo dos grandes artistas que Hollywood já viu. Não só pela direção imaginativa e cheia de propriedade, mas pela atuação que sangra, doi e acalenta. Cooper é irascível e apaixonante em cena.
- Lady Gaga (“Nasce uma Estrela”)
Não é a estreia como atriz de Lady Gaga, ou Stefani, como seu diretor a chama, mas é seu primeiro protagonismo no cinema. Carisma e magnetismo ela reitera aqui, mas demonstra uma sagacidade na abordagem da personagem e seus conflitos que apenas uma atriz pronta, intuitiva e com boa cota de recursos dramáticos poderia ostentar.
- Rachel McAdams (“Desobediência”)
Nesse drama sobre o amor proibido entre duas mulheres na conservadora comunidade Judaica, Rachel McAdams captura a angústia de não conseguir viver uma paixão. À medida que sua personagem vai duvidando cada vez mais de suas escolhas e desejando cada vez mais a mulher que ama, pela qual tem tesão, McAdams toma conta da tela com um desprendimento incomum. Sensual, doída e tateante, a atriz entrega uma atuação de pequenas, mas bravas, notas.
Leia também: Em ano de adeus a dramas marcantes, comédias dominam lista de séries do ano
- Charlize Theron (“Tully”)
A maternidade costuma gerar bons personagens em filmes que se resolvem sobre esse aspecto em particular. Mas o que Charlize Theron alcança em “Tully” radicaliza qualquer fórmula. Além da devoção emocional e intelectual à personagem, uma mulher que está a ruir com a chegada do terceiro filho, há uma entrega física e quase psicológica a Marlo, uma personagem tão verdadeira que provoca tanto empatia quanto assombro e muito disso graças a esse trabalho mediúnico de Theron.
- Joaquin Phoenix (“Você Nunca Esteve Realmente Aqui”)
Se você quer um trabalho metafísico, psicodélico e cheio de camadas psicoemocionais o ator certo é Joaquin Phoenix. Lynne Ramsay sabia disso e o escalou para viver o matador de aluguel cheio de traumas e TOCs de “Você Nunca Esteve Realmente Aqui”. Pense em Phoenix como um expressionista e o filme como uma pintura abstrata e você vai ter uma ideia do valor, e impacto, da obra e do trabalho do ator.
- Sally Hawkins (“A Forma da Água”)
Com uma atuação restrita ao gestual e às expressões faciais, já que interpreta uma mulher muda, Sally Hawkins encanta pelo minimalismo e pelas sutilezas com que constrói sua personagem e permite que o público espie seus anseios e angústias. Uma das coisas mais lindas de 2018 no cinema!
- Margot Robbie (“Eu, Tonya”)
A fúria e a fibra de uma mulher que quis mais e não se avexou de ir atrás estão lá, assim como suas dependências emocionais, sua natureza violenta e sua necessidade por atenção. Margot Robbie investiga Tonya Harding com apetite, mas também com ponderação, e contribui para que “Eu, Tonya” seja um dos filmes mais brilhantes dos últimos tempos.
- Woody Harrelson (“Três Anúncios para um Crime”)
Em um filme com potentes e oscarizadas atuações (Frances McDormand e Sam Rockwell), Woody Harrelson é a brisa. Ator acostumado a assumir papeis expansivos e espetaculosos, aqui ele investe em um registro mais calmo, macio, mas tem momentos de grande impacto. Uma atuação sensível e comedida, mas também trovejante e conscienciosa e, por tudo isso, imperiosa nessa lista da retrospectiva 2018.