O mundo da sétima arte está com suas estruturas abaladas. Tudo isso devido a uma entrevista com Ennio Morricone publicada pela versão alemã da Playboy . No magazine, o compositor teria utilizado palavras como “cretino” para se referir a Quentin Tarantino .
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Obviamente a entrevista gerou grande repercussão e manchetes nos tablóides do mundo inteiro. Tentando tirar seu corpo da reta, Ennio Morricone alegou que não havia dado entrevista para a versão alemã da Playboy e negou ter atacado Quentin Tarantino.
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Com intenção de manter sua integridade, a revista masculina alemã declarou com precisão: “Estamos surpresos que Ennio negue ter dado uma entrevista a nós. Na verdade, a conversa aconteceu em 30 de junho de 2018, em sua propriedade em Roma”.
Contrariado pela magazine, em comunicado à imprensa, Ennio esclareceu que “nunca disse nada de negativo sobre Tarantino”. Em seguida completou: “não considero os seus filmes um lixo. O meu advogado já tem instruções para avançar contra a revista”.
Contrastando com seu anúncio, as palavras encontradas no veículo estrangeiro foram mais ácidas: “Ele (Tarantino) fala sem pensar e deixa tudo para a última da hora. É um caos. É um cretino. Rouba a todos e mistura tudo. Nada é original. E nem se pode chamar um realizador, não é comparável aos autênticos e grandes de Hollywood", teria dito o compositor à revista, afirmações essas que negou veementemente.
A Playboy assume sua culpa
No olho do furacão entre grandes nomes da arte, o veículo alemão resolveu se posicionar e resguardar sua integridade jornalística nesta terça-feira (13). "Até agora, considerávamos o freelancer que conduziu a entrevista como um jornalista renomado", disse Florian Boitin editor do veículo em posicionamento oficial.
"Baseando-se nas informações que temos, precisamos, infelizmente, assumir que as palavras ditas na entrevista foram reproduzidas, em parte, erroneamente”, completou.
Ennio Morricone é 100% inocente?
Mesmo que seus ataques tenham sidos desmentidos, esta não é a primeira vez que Morricone teria ofendido Quentin. Em 2013, o compositor, em entrevista à Entertainment Weekly , disse que não estava satisfeito em colocar suas músicas nas obras do diretor, mas, pouco tempo depois, de acordo com o jornal The New York Times , suas declarações foram mal entendidas e que ele estava sim satisfeito em trabalhar ao lado de Tarantino.
A arte imita a vida?
Porém, este não é o primeiro caso de questionamento de ética jornalística de que se têm notícia. O caso do americano Stephen Glass é um dos mais notórios neste assunto. Entre os anos de 1995 a 1998, o comunicador fraudou, distorceu e aumentou fatos para galgar os degraus do sucesso e do prestígio. Sua rede de mentiras chegou ao fim quando quando a Forbes publicou um artigo sobre suas fraudes.
A história é tão entrelaçada entre realidade e informações abstratas que sua passagem pela magazine The New Republic foi dramatizada no longa-metragem “O Preço de Uma Verdade”. A produção, dirigida por Billy Ray e estrelada por Hayden Christensen costura com serenidade a relevância e o impacto da ética jornalística no universo do entretenimento. Ao todo, Stephen chegou a inventar 27 dos 41 artigos que escreveu para a revista americana.
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Até o momento, Tarantino não se pronunciou sobre este confronto público entre mídia e Ennio Morricone .