Baseado no livro de David Lagercrantz, que dá sequência à trilogia Millennium de  Stieg Larsson , “A Garota na Teia da Aranha” é um filme que emula a atmosfera punk-rock do material original, mas no âmago é um thriller genérico.

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“A Garota na Teia da Aranha”
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“A Garota na Teia da Aranha”

Depois de oito anos, a Sony resolveu voltar ao material de Larsson e elegeu o uruguaio Fede Alvarez para conduzir esse retorno de  Lisbeth Salander , agora interpretada por Claire Foy (“Primeiro Homem”), ao cinema. “ A Garota na Teia da Aranha ”, por contraponto, eleva ainda mais a versão assinada por David Fincher em 2011.

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“A Garota na Teia da Aranha”

Diferentemente de “Os Homens que Não Amavam as Mulheres”, não há conexões emocionais em xeque no novo filme, ainda que ele se organize essencialmente sobre elas, há desidratação de bons personagens coadjuvantes, agora vividos por atores pouco referendáveis, e a linearidade do roteiro exalta previsibilidade, algo avesso à dramaturgia de Larsson.

Claire Foy parece apenas vestir Lisbeth, e ainda que visualmente convença – e também na fisicalidade da personagem – ela jamais a é por inteiro. Não na mesma concepção que Rooney Mara e Noomi Rapace o foram. Não quer dizer que seja uma atuação ruim. Não é. Só falha em ser suficientemente autoral em face de fonte tão rica e prolífera.

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“A Garota na Teia da Aranha”
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“A Garota na Teia da Aranha”

Esses são apontamentos necessários, mas que não implicam na assunção de que o novo Millennium é ruim. Também não o é. Só é genérico e considerando um material tão pós-moderno, radical e complexo como a obra de Larsson é indesviável alguma frustração diante disso. De toda forma, o longa é um entretenimento adulto que se assume como tal e merece ser apreciado por essa coragem em um momento que o cinema enquanto indústria parece infantilizado.

A fotografia, assinada por Pedro Luque, que já havia trabalhado com o cineasta em “O Homem nas Trevas” e “A Morte do Demônio”, é fantástica amparando-se na paleta de cores frias para invadir a audiência com o clima gélido sueco. Algo que ele indubitavelmente empresta da fotografia de Jeff Cronenweth, do filme de 2011, que ainda resiste como a mais visceral e eficiente nesse sentido.

O mote de “A Garota na Teia da Aranha”

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Na trama, Lisbeth é contratada por um analista sueco que prestara serviços para a NSA (agência de contra-espionagem americana) para roubar um programa capaz de acionar todas as armas nucleares do mundo remotamente. Claro, que o dispositivo cai em mãos erradas e a hacker precisa enfrentar uma organização paramilitar com doídos laços familiares.

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O foco do novo filme está todo em Lisbeth, o que se alimenta o hype joga contra a narrativa. Sua relação com Mikael Blomkvist, agora interpretado por Sverrir Gudnason, surge totalmente deslocada e os atores não conseguem dimensiona-la a contento. O fantasma da química entre Daniel Craig e Rooney Mara tampouco ajuda.

Alvarez, que tem nas suas soluções visuais o maior trunfo de seu filme, que tem mais cenas de ação do que se podia imaginar, cria duas ou três grandes cenas que ajudam a tornar  “A Garota na Teia da Aranha”  uma experiência mais salutar no escurinho do cinema.

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