A primeira parte da nona temporada de "The Walking Dead" se organizou em cima da notícia de que o protagonista Andrew Lincoln , que dá vida ao xerife Rick Grimes , deixaria a série. Ainda que os produtores não tenham dito claramente que ele morreria, por se tratar de uma série pós-apocaliptíca em que o perigo é constante, público e crítica tomaram para si que isso aconteceria.
Não foi bem assim. Após um episódio de alta carga emocional, digno em muitos níveis de um series finale, Rick Grimes não só não morreu, como o AMC (canal que produz e exibe "The Walking Dead" nos EUA) anunciou que Lincoln vai estrelar três filmes derivados do programa que tem como objetivo a expansão da marca.
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Com Rick vivo, a série mantém uma porta aberta para seu retorno em caso de necessidade ou para um final apoteótico. De todo modo, na prática, a série segue sem seu protagonista e isso enseja novos desafios criativos e narrativos.
A balada de um grande homem
No final do episódio anterior, Rick havia se machucado gravemente ao cair do cavalo. Ele recobra a consciência e age para afastar uma horda de zumbis a caminho de Hilltop. Debilitado e perdendo muito sangue, ele perde a consciência constantemente. Nesses momentos ela dialoga com figuras que marcaram sua jornada em "The Walking Dead". O primeiro é Shane, marcando um inesperado e muito festejado retorno de Jon Bernthal à série. Há ainda Hershel (Scott Wilson), ator que morreu recentemente e por conta disso deixa o momento ainda mais emotivo, e Sasha (Sonequa Martin-Green).
O episódio se concentra majoritariamente nesse esforço de Rick para manter-se vivo enquanto tenta "encontrar sua familia". A simbologia e significado desse encontro é mais um dos grandes elogios à humanidade dos personagens, e da resiliência e abnegação do próprio Rick, que a série materializa.
A sombra de Negan
Entre as poucas cenas que não se dedicaram a Rick Grimes em "What Comes After" vimos Maggie (Lauren Cohan) encarando Negan (Jeffrey Dean Morgan) com a finalidade de matá-lo. Ao vislumbrar um homem profundamente abalado emocionalmente ela decide não fazê-lo.
A provocação que a série enseja é se aquele Negan apequenado é uma realidade ou uma simulação de um homem com um instinto de sobrevivência acurado. Como a relação entre Maggie, Daryl (Norman Reedus) e os demais se dará com Negan sem o filtro de Rick é outro ponto de interrogação.
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O aspecto épico de "The Walking Dead"
"What Comes After" foi um grande episódio. Dos maiores e melhores da série. O fato do AMC apostar em uma expansão de sua marca mais valiosa em um momento em que ela padece na audiência é um risco calculado. Se bem executada, a ideia pode oferecer uma cauda melhor para a série, assim como facilitar o encerramento do produto original.
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São muitas as possibilidades. Fato é que Rick Grimes foi e continua sendo elemento fundamental nesse cenário. Vivo e resgatado pelos misteriosos comparsas de Jadis (Pollyanna Mcintosh), o personagem será foco de mil teorias dos fãs e "The Walking Dead" assume aquela vocação perdida de ser o novo 'Lost". Pode parecer pouco, mas para uma série que já parecia esgotada, é mais do que suficiente.