Dimensionar anti-heróis no cinema não é algo fácil. Veja Wolverine, por exemplo, o acerto não foi imediato. Naturalmente tudo indicava ainda mais complexidade com Venom, personagem criado no final dos anos 80 como vilão do Homem-Aranha. A primeira encarnação do personagem no cinema, no terceiro filme da trilogia de Sam Raimi foi pouco inspirada e ganhou a fama de ter sido uma imposição do estúdio.

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Cena de Venom, que estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (4)
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Cena de Venom, que estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (4)

Em busca de um universo aracnídeo no cinema, a Sony não desistiu da ideia de dar um tratamento de primeira para o personagem na tela grande. Dirigido por Ruben Fleischer, “Venom” chega bem perto disso, mas há equívocos que comprometem decisivamente o resultado final.

O primeiro é a opção por fazer um filme de classificação indicativa livre. Se há uma lição deixada por “Logan” (2017) e “Deadpool” (2016) é que alguns personagens funcionam melhor sem comedimentos de ordem comercial. Além do desenho de Eddie Brock (Tom Hardy) como um herói, falho, mas bem intencionado, o filme erra no tom. Há muito humor, boa parte dele involuntário, para um filme com um personagem tão sombrio e conflituoso.

São arestas agravadas por um elenco subaproveitado e um clímax decidamente barulhento e espalhafatoso.

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A trama de Venom

Clímax espalhafatoso: o duelo entre Venom e Riot não empolga
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Clímax espalhafatoso: o duelo entre Venom e Riot não empolga

Eddie Brock é um jornalista que goza de relativo prestígio em São Francisco na Califórnia. Seu ímpeto de se levantar contra injustiças e malfeitos lhe deu alguma fama, mas certos problemas – entre eles a necessidade de deixar Nova York. Quando o filme começa ele está namorando a advoga Anne (Michelle Williams, desperdiçada) e parece decidido a se recompor em todos os campos da sua vida.

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Uma pauta sobre um magnata da área da ciência e tecnologia que pode estar cometendo crimes coloca Eddie em uma trilha desestabilizadora. Carlton Drake (Riz Ahmed) está promovendo experiências com simbiontes alienígenas e já dá para ter uma ideia de como Venom e Eddie se cruzam.

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Romance: há uma história de amor que até funciona em Venom, mas Michelle Williams é subaproveitada

A interação entre o simbionte e seu hospedeiro humano é um dos acertos do filme. Ela respeita o espírito das HQs e tem na performance física de Hardy um bom catalisador, mas a ideia de que Brock consiga controlar tão rápida e descomplicadamente o espécime é um tanto contraproducente dramaticamente. O roteiro, assinado por Scott Rosenberg e Jeff Pinkner, se apressa em apartar qualquer ambiguidade a respeito de Eddie e de sua simbiose. Essa não é a melhor escolha. Quando Riot, outro simbionte, mais poderoso, letal e malvadão, entra em cena, a coisa degringola de vez.

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“Venom” é um passo importante no projeto da Sony de ter um universo expandido do Homem-Aranha e justamente por isso sua bilheteria, mas também a recepção crítica, são denominadores importantes. O filme de Fleischer é um filme B que se assume como tal e confia a essa honestidade – e a Tom Hardy – suas fichas na roleta hollywoodiana. Pode não ser suficiente.

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