As comédias românticas estão novamente no radar do público jovem graças as novas produções da Netflix. A plataforma de streaming notou que os seus usuários estão empenhados em passar o tempo assistindo histórias de amor e com isso, investe em longas originais adaptados de obras literárias, com atores até então desconhecidos como Noah Centineo, e conquista um espaço que antes era de grandes estúdios de Hollywood.
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Durante os anos 80, 90 e início dos anos 2000, os romances estavam por toda parte e algumas das maiores estrelas femininas do cinema que conhecemos hoje, como Reese Witherspoon, Julia Roberts, Drew Barrymore, Sandra Bullock e Kate Hudson, conseguiram mostrar o seu talento graças a papéis em destaques nas produções românticas. Porém, com o tempo, os grandes estúdios hollywoodianos deixaram de investir em longas apaixonados, fazendo com que a Netflix tomasse a dianteira desse gênero, estruturando cada vez mais o seu nome diante da indústria cinematográfica.
Por que Hollywood não investe mais em comédias românticas?
De acordo com a LA Weekly , que levantou o questionamento sobre quem "matou" a comédia romântica, em 1997, houve apenas dois longas românticos entre as 20 maiores bilheteria. Já em 1998 e 1999, houveram três, cada um deles arrecadando US$ 100 milhões, com o número sendo repetido em 2005, quando cinco produções românticas alcançaram a mesma marca.
Porém, em 2013, nenhum romance ficou entre os 50 maiores filmes, muito menos no top 100. "O Casamento do Ano", estrelado por Robert De Niro, Amanda Seyfried, Diane Keaton e Katherine Heigl, ficou em 101º lugar.
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Aludindo esse cenário um tanto catostrófico para os apaixonados por histórias de amor, estão não só a falta de investimento dos estúdios, mas sim do interesse do público e faixa etária, tanto masculino como feminino nas obras. O tipo de história romântica abordada também é um ponto a ressaltar, valendo que o tempos mudaram e talvez casos de amores apresentados nos anos 90 não se valem para a geração jovem atual.
Os novos investimentos da indústria hollywoodiana
Hollywood encontrou a nova galinha dos ovos de ouro nos filmes de super-herói, como a saga "Vingadores", que em sua terceira produção, "Vingadores: Guerra Infinita", somou mundialmente US$ 1.6 bilhão. Outra ação que os grandes estúdios tem investido são os reboots clássicos como "Jurassic World", o primeiro filme da trilogia, "Jurassic World - O Mundo dos Dinossauros", conseguiu faturar US$ 1.7 bilhão mundialmente.
Mesmo assim, há produções românticas - poucas - nos estúdios hollywoodianos que ainda conseguem expressão no cenário mundial. "Com Amor, Simon", adaptação de Greg Berlanti, do romance "Simon vs. The Homo Sapiens Agenda", de Becky Albertalli, foi o primeiro filme gay de um grande estúdio, a Fox, e arrecadou mais de US$ 66 milhões nas bilheterias.
Relembrando que no elenco do longa estão atores da nova geração, entre eles Katherine Langford e Miles HGeizer, atores principais de "13 Reasons Why", série de sucesso na Netflix.
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Já "Me Chame Pelo Seu Nome", estrelado por Timothée Chalamet, ator franco-americano que também é uma das novas revelações da nova geração, e Armie Hammer, mesmo tendo arrecadado um pouco mais de US$ 41,7 milhões, foi indicado em quatro categorias ao Oscar, conquistando a estatueta em Melhor Roteiro Adaptado.
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Algorítmo da Netflix identifica atenção dos jovens por comédias românticas
Chegamos a nova era do amor, na qual a plataforma, nesta temporada, apelidou carinhosamente de "Temporada do Amor", lançando desde o começo do ano longas românticos que estão fazendo o maior sucesso entre os jovens como "A Barraca do Beijo", " Para Todos Os Garotos Que Já Amei " e "Sierra Burgess É Uma Loser".
O sucesso das produções originais e parcerias de distribuição vão de encontro com o algorítimo e big data tão preciso que a empresa possuí, que aconselha aos seus mais de 120 milhões de assinantes ao redor do mundo filmes, documentários e séries, além de sugerir os blockbusters que mais se encaixam em seus gostos. Isso faz com que a empresa confie mais nos números do que no instinto dos produtores e executivos para investir na produção de novas atrações, que em 2018 ficou em US$ 8 milhões.
A estratégia baseada em dados permite que a empresa invista em conteúdos de alta qualidade para determinados segmentos, diferentemente dos canais de TV, como as recentes produções românticas que atraem a atenção dos adolescentes e jovens. Porém, a inteligência artificial não é unanime, a plataforma não consegue individualizar quem são os melhores diretores, mas o formato permite aos roteiristas uma liberdade de ação maior.
Romances originais Netflix
Estudando os relatórios, a empresa descobriu que o que estava atraindo o público entre 13 e 20 anos eram os romances. Sendo assim, começou a investir em produções originais, baseadas em adaptações de livros e apresentando novos talentos como Katherine Langford, Noah Centineo, Shannon Purser e Camila Mendes.
Desde o seu firmamento na nova era digital, em 2011, a plataforma nunca investiu tanto em comédias românticas quanto antes, e o elenco jovem é um dos detalhes principais. Incluindo as séries "Riverdale", lançada em janeiro de 2017 e renovada para a sua segunda temporada, o elenco conta com Cole Sprouse, astro conhecido por seus trabalhos em séries da Disney, e Camila Mendes, confirmada para o novo romance "The Stand-In" ao lado do astro Noah Centineo.
Já em março do mesmo ano chegou "13 Reasons Why", que tem a sua terceira temporada confirmada para 2019, com um elenco totalmente novo e até então desconhecido, mas que ganhou espaço entre os fãs. Com as séries românticas sendo muito bem recebidas pelo público teen, o investimento foi então focado nos longas, que teve igualmente sucesso.
Dentre o seu catálogo original de romance estão trinta e dois longas, sendo lançados mais fevorasamente a partir desse ano com diferentes temáticas, incluindo romances gays e obras espanholas, chinesas e indianas. Em 2018 já foram lançados dezoitos produções, entre elas "Alex Strangelove", "Eu Não Sou Um Homem Fácil", "A Barraca do Beijo", "Ibiza Tudo Pelo DJ", "O Plano Imperfeito", "Sociedade Literária E A Torta De Casca De Batata", "Para Todos Os Garotos Que Já Amei" e "Sierra Burgess É Uma Loser".
Em 2017 foram lançados doze produções, entre elas obras românticas natalinas como "O Príncipe do Natal" e "Cartão de Natal", além de "A Incrível Jessica James", "Nossas Noites" e "O Casamento De Ali", enquanto no ano anterior, em 2016, apenas duas, uma em fevereiro "Crouching Tiger Hidden Dragon Sword Of Destiny", e em dezembro, "Farol das Orcas".
Ao que tudo indica, mesmo confirmando apenas "The Stand-In" como lançamento para o ano que vem, a Netflix ainda deve confiar na sua inteligência artificial e investir forte na produção de romances, deixando para trás os grandes estúdios hollywoodianos que terão - se quiserem - que recuperar o tempo perdido com atrações fortes, muita publicidade e que se revelem apaixonantes.