Comportamentos com instabilidade de humor, descontrole emocional, ciúmes intensos, desespero e medo da rejeição são alguns dos sintomas do Transtorno de Personalidade Borderline (TPB), assunto tratado no livro “Mentes que Amam Demais – o Jeito bBorderline de Ser ”, da escritora e psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva.
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O comportamento humano refere-se ao conjunto das ações físicas e emocionais dos indivíduos. Contudo, quando envolvem questões psicológicas a linha de pesquisa se torna ainda mais delicada. Em “ Mentes que Amam Demais ” a Dr. Ana Beatriz explica como o transtorno borderline, pouco conhecido atualmente, afeta as pessoas.
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Médica graduada com residência em psiquiatria, Ana Beatriz conta que o livro surgiu com a intensão de trazer simplicidade ao tema complexo. “O transtorno de personalidade é um tema muito pouco conhecido, inclusive por especialistas, por pessoas que trabalham na área do comportamento humano. Ele sempre foi muito confundido, é muito comum a gente ver o transtorno de personalidade borderline com um diagnóstico equivocado de transtorno bipolar”.
A dimensão de “Mentes que Amam Demais”
Atualizado e complementado de sua edição anterior, “Corações Descontrolados”, lançada em 2013, a escritora explica que mudou o nome do livro para compor sua série de 12 obras que levam a temática ‘mente’ em seus títulos.
A médica também explica como o exemplar aborda a questão das pessoas que possuem o transtorno. “Ele acaba falando bem do tema. São pessoas extremamente emocionais e pouco racionais e por serem assim elas sentem muito mais sintomas ou sofrimento, justamente quando se deparam com relações afetivas”.
Ana ressalta que um dos principais sintomas que se encontra dentro do transtorno é a instabilidade de humor. “São pessoas que flutuam de humor muito rapidamente, podendo essa instabilidade ocorrer várias vezes ao dia perante pequenas frustações. Seria justamente essa maneira de ser quase 100% emoção e quase zero razão”.
Especialista sobre variados temas do comportamento humano, Ana ainda conta que as pessoas que possuem o TPB são afetadas com uma baixa autoestima. “O bord tem tão pouco autoestima que ele vê a sua vida no outro”.
Fato que faz com que os afetados acabem se tornando possessivos. “É como se ele necessitasse do outro para ser alguém e nisso ele tente ter muito sentimento de posse porque perder o outro é se perder também então são pessoas extremamente ciumentas e tendem a ter muito controle sobre a vida dos parceiros por medo e desespero de perder aquele que eles julgam ser a próprio sentido da vida dele, que é o feto do outro”.
Ainda segundo a escritora, o transtorno é mais encontrado em mulheres, apesar de pesquisas mostrarem que os homens são os mais afetados. “Nas minhas práticas eu diria que atinge 70% mulheres e 30% homens [...] Mas as estáticas oficiais falam que são 90% homens e 10% mulheres.”
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Desafios da produção
Considerada uma referência nacional no tratamento dos transtornos mentais, a Dr. expõe a dificuldade que teve durante a elaboração do livro. “O grande desafio que eu me deparei foi que não tinha nenhuma bibliografia brasileira, então eu tive que restringir o livro todo em uma bibliografia americana, que é onde a gente tem um material bem mais vasto, onde há um estudo de longo prazo”.
Sobre as pesquisas comportamentais que fizeram parte do processo de elaboração do livro, a escritora ressalta que o capítulo em que descreve sobre a intensidade da personalidade borderline e a sua veia artística foram um dos mais complexos na hora de produzir. “Pessoas com personalidade borderline geralmente trazem uma veia artística. São pessoas muito inteligentes, muito talentosas principalmente nessa área artística. Seja na arte do teatro, de cinema e também de música, de pintura, então... isso foi um momento muito bacana”, afirma.
Autoconhecimento é a base
Ana Beatriz ressalta que mesmo que o transtorno não tenha uma ‘cura’, o caminho para ter uma vida mais tranquila com ele é se conhecer. “A busca do autoconhecimento é uma das alternativas para que as pessoas possam amenizar o sofrimento causado pelo transtorno e não seja tão independente do outro”.
“É o conhecimento que trouxe a humanidade onde trouxe. É o conhecimento que faz com que a gente possa evoluir, como espécie e também como individuo”, expõe a autora de “Mentes que Amam Demais”.