Não é comum no cinema mainstream de hoje uma franquia chegar ao sexto filme esbanjando fôlego, mas é este o caso de “Missão Impossível”. A série mais bem sucedida da carreira de Tom Cruise e do estúdio Paramount nunca esteve em fase melhor e, não à toa, Christopher McQuarrie, que dirigiu “Nação Secreta”, está de volta para “Missão: Impossível - Efeito Fallout”.
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O maior mérito de McQuarrie, que aqui demonstra uma evolução absurda no comando de cenas de ação, é fazer com que o sexto filme seja uma continuação direta e orgânica do quinto, mas que também se comunique com a série como um todo. Não obstante, “Missão: Impossível - Efeito Fallout” funciona maravilhosamente bem sozinho.
Não representasse isso tudo imensa satisfação para o fã da série, o longa ainda se assevera como o melhor filme de ação da temporada. Em plena era dos heróis, não é pouca coisa.
Depois de desbaratar a estrutura do sindicato e colocar seu principal arquiteto, Solomon Lane (Sean Harris) atrás das grades, Ethan Hunt (Tom Cruise) tem pouco tempo de descanso. Um extremista apocalíptico e seus apóstolos estão planejando ataques nucleares. Hunt e sua equipe sofrem um duro revés quando tentam pegar as ogivas nucleares e agora precisam rastrear John Lark, o tal extremista cuja face é desconhecida. Essa primeira derrota aquece a temperatura política entre IMF e CIA e Alan Hanley (Alec Baldwin) e Hunt têm que engolir um agente da CIA em sua equipe. Alan Walker (Henry Cavill) faz o tipo preto no branco e não gosta das “frescuras” da IMF. O choque com Hunt e seus métodos e visão de mundo são inevitáveis.
No encalço do terrorista, novamente as coisas desandam e aos poucos o fallout do título original – resultado e efeitos desfavoráveis a partir de uma ação – vai se justificando.
Entre a tensão e a megalomania
O filme tem suas melhores cenas de ação gravadas em Paris e Londres. São cenas de tirar o fôlego. McQuarrie e Cruise estão realmente comprometidos em levar a série a um patamar de excelência e entretenimento único. O clímax faz a linha “o melhor que Hollywood tem a oferecer” e tem Cruise escalando um helicóptero no ar.
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As melhores cenas, no entanto, representando um bem-vindo oxigênio para a série, são aquelas inusitadas e menores em que a tensão explode incontida e que a ação fica mais comprimida. São exemplos uma cena de combate em um banheiro, uma em uma garagem envolvendo a equipe de Hunt e uma guarda de trânsito de Paris e no QG da equipe momentos antes de uma importante negociação em Londres.
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Um bigode e duas mulheres
Henry Cavill já tinha mostrado que segurava bem as pontas em um filme de ação com pegada de espionagem em “O Agente da U.N.C.L.E” (2015), de Guy Ritchie, e aqui estabelece uma interessantíssima figura de oposição a Cruise. O humor está no ponto certo e o carisma dá conta do resto. O bigode, que causou um imbróglio em virtude das refilmagens de “Liga da Justiça” é um show à parte.
Rebecca Ferguson , que fez da agente britânica Ilsa Faust, o aspecto mais interessante de “Nação Secreta” está de volta e com a mesma densidade. A relação de sua personagem com Hunt e os conflitos que ela enseja para o agente americano respondem pelos melhores momentos dramáticos do longa.
Vanessa Kirby, como uma femme fatale, adiciona uma bem-vinda pitada de James Bond ao universo de Hunt. Sem Jeremy Renner, que ficou fora do filme por causa das gravações do quarto "vingadores", Ving Rhames e Simon Pegg têm mais espaço para brilhar.
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“Missão: Impossível - Efeito Fallout” entrega tudo o que se pode esperar de um bom exemplar do gênero. Reviravoltas, nem todas surpreendentes, uma boa história, um herói falho e cada vez mais humanizado (ainda que seja capaz de realizar feitos impossíveis como 15 minutos durarem uma eternidade) e ação bem planejada e executada fazem com que “Efeito Fallout” dê fôlego e relevância a serie. Ao subirem os créditos, o expectador se flagra ansioso pelo sétimo filme. Não há termômetro melhor para medir o sucesso de um sexto filme do que esse.